sexta-feira, março 31, 2006

Break a Leg!

"mariscando luas"

O Luís Carlos Patraquim acedeu vir a Almeirim conversar sobre 'escritas', contar-nos como é que se mariscam luas (só esta expressão dava para um colóquio!) e do olhar ao banal quotidiano se faz borbulhar a música das palavras, poesia.
Também teremos ensejo de conversar sobre como é ser o Poeta da transição do processo cultural e da ruptura nas letras moçambicanas pós-independência, ele que o foi no pós-poesia militante e fez a ponte entre os primevos Rui de Noronha e Noémia de Sousa, depois Rui Knopfli ou José Craveirinha, Glória de Sant'Anna, Grabato Dias, e a nova geração: ele, Nelson Saúte, Eduardo White, mais tantos que não cito mas que asseguram a continuidade da qualidade poética de matriz moçambicana. Já agora e se houver vez, sobre as diversas influências culturais nessa escrita, afro nativa, lusa e africânder, seja na poesia ou na escrita poética.
É assim, falar de 'escritas' é um mundo sem fim, felizmente...
Vai ser a 29 de Abril, que é um sábado, e às 5 da tarde. No net-café "Copo com Texto" as palavras quentes de África voltarão a deixar os lábios secos aos que já sentiram o seu bafo e aos que o sonham.
Acerca do Luis Patraquim faço copy ao 'currículo' que a sua actual editora disponibiliza, aliás o site onde gamei a foto. Ei-lo, omisso em muito do seu trajecto pelas letras 'cá' e 'lá', mas mesmo que assim não fosse seria sempre parco de tanto que teremos gosto em falar!
.......................................................................

quinta-feira, março 30, 2006

Secret Services


Não há muito tempo atrás foi assassinado na cidade da Beira, Moçambique, um indivíduo de nome José Gaspar Mascarenhas, o "Chico" Mascarenhas.

As sociedades são violentas e as urbes ainda mais, é sabido. Diariamente os jornais e as televisões vivem deste tipo de notícias para fazerem salivar os 'clientes'. Duplo infelizmente.

Mas este, o 'Chico', não era um pacato cidadão cujo assalto descambou para o pior desfecho ou involuntário personagem principal duma tragédia semelhante do quotidiano, enfim, tudo no seu historial pessoal indicia que o crime que o vitimou tem raízes que penetram no cinzento do sub-mundo dos agentes secretos e dos seus 'ajustes de contas', coisa à laia de romance de espiões e quejandos, polícias políticas, etc, no caso e porque dum moçambicano se trata faz-se agulha aos tempos do sinistro SNASP, e da guerra civil da RENAMO e da FRELIMO que tornaram Moçambique quase exangue. O dito e finado 'Chico' fora agente do SNASP (polícia secreta do regime monopartidário) e posteriormente emprestara as suas artes 'secretas' à RENAMO, e até era actualmente seu deputado no parlamento nacional moçambicano.

Desconheço as fontes e sua sustentabilidade na mensagem que linko, extraída dum Grupo MSN em que os seus cerca de mil participantes inscritos são maioritariamente moçambicanos afectivos na diáspora da História. Mas, dando como bom e credível o relato e testemunho lá deixados (até pelo auto proclamado envolvimento pessoal do autor naquele período da história moçambicana), achei por bem trazê-lo para aqui, pois este blogue tem ligações sentimentais que são inequívocas à terra mais bonita das que o Índico beija.

A História escreve-se, também, com testemunhos de quem a viveu inside ou assistiu à sua escrita. E as estórias de espiões, mesmo as com final trágico como a do 'Chico' Mascarenhas, também têm um charme especial.

(foto gamada aqui)

"4"

Primeiro de tudo indicar a culpada: a TT, pois claro! que raio, estas pitinhas são umas cuscas, na verdade estas 'correntes' não são mais que maneiras mui diplomátikas que elas arranjaram para cuscar taras & manias de gajos como eu, dos que garantem a pés juntos (a pés? não é a mãos? ai que confusão eu estou já a fazer...) que a sua vida passada é tão calma como o mar morto...
Bem, ao trabalho que já é tarde:
...................................................................................
4 job's: acreditem que mal li este comecei a rir-me. Não é porque já tenha sido (pequeno) merceeiro, pretenso instalador de caldeiras a vapor em quartéis, escriturário num sindicato, aprendiz de contabilista, vendedor ambulante de cursos por correspondência e de enciclopédias, chefe de escritório (era o único, oh...) dum armazém de vinhos - dos empregos mais gloriosos que tive, garanto, e hoje sou um gajo com um emprego antipático. Não é por esses, é que se me falam nos empregos que já tive vem-me logo à cabeça um 'bico' que tive quando estive no tal armazém de vinhos & bebidas espirituosas, em que fiz a contabilidade duma casa de "meninas" nos gloriosos tempos pré-POC em que as existências, os créditos e os débitos, era tudo calculado a olho, mão firme no rabiscar no que os olhos viram e não no que os pc's dizem.
Claro que a escrita era um chavascal proporcional à matéria-prima e aquela deveria ser a única 'casa de meninas' da península ibérica que dava prejuízo pois nunca havia acordo perfeito entre as notas e apontamentos do contador oficial e os serviços declarados pelo operariado... Por um lado ainda bem que nunca aconteceu, mas sempre estive íntimamente esperançoso em que por lá aparecesse um fuínhas do Fisco para fiscalizar a escrita! eheh, ia ser jeitoso, ia... haveria correção à matéria colectável? por estimativa? médias de produção definidas para o sector? e com gráficos às cores, a azul 'de dez a vinte minutos', a verde 'mais de meia hora'? taxas de serviços especiais? lol
Bem, se quanto a cabritos no rebanho nunca se contavam as cabeças por igual, e o bar só dava prejuízo embora o camião das bejecas lá encostasse duas vezes por semana, havia uma parte da 'escrita' que me dava sossego e gozo. Era a única com lucros e contas certas: vocês lembram-se quando não havia tasca que não tivesse em cima do balcão um frasco de vidro cheio de água, lá em baixo e no meio um cálice? metia-se uma moeda, ela mergulhava e se caísse dentro do frasco o apostador ganhava não sei quantas vezes o seu valor. Se não - quase sempre..., perdia-a e acabou-se, venha outra. Sei lá se pela transparência do dito, se para a batota as mãos tinham de se molhar e denunciar-se, as contas do frasco eram o meu orgulho pois batiam certas as tostão. Foi no tempo dos tostões mas, lembro-me, a aposta mínima era uma moeda de 2$50. Enfim, se dos empregos que tive há um que recordo com um sorriso de orelha-a-orelha é esse, o de contabilista duma casa de putas, centro do Ribatejo. Olé!
......................................................................................................
4 sítios onde vivi: bem, que vivi em Lourenço Marques não haverá quem aqui venha que não o saiba, e actualmente vivo em Almeirim: também disso não faço segredo. E já morei em Santarém, já agora.
O que muitos poucos saberão é que vivi em Lisboa (aliás onde nasci, ou melhor: fui nascer), na Covilhã donde na realidade sou natural, também em Oledo e na tal Monsanto que é a "aldeia mais portuguesa de Portugal". De todas destaco duas: LM, obviamente, e Lisboa, uma paixão que descobri quando vim de África e que o tempo sedimentou a ponto de hoje, ao menor pretexto, raspar-me para lá! (vamos a outros que este já está...)
......................................................................................................
4 filmes que...: esta não é fácil... ainda para mais como está apresentada, pois tudo o que venha em excesso corre o risco de enjoar. Mudando para '4 filmes de que gostei muito', que me parece mais acessível a tratamento sincero, penso que eles, a existirem - e há-os, há-os..., são específicos a idades, épocas que vivi e como as vivi, até momentos emocionais particulares. Na juventude marcaram-me vários, e destaco: o 'Easy Rider' e o 'Woodstock' quando me sonhava um hippy; antes disso adorei os filmes de guerra, 'Patton', 'Tora, tora, tora', e mais, e, claro! o '24 Horas de Le Mans' com o Steve McQueen. Quando comecei a perceber o que seria 'cinema' encantei-me com o '4 noites na vida dum sonhador', do Bresson; 'o mensageiro', do Losey; e vi umas quatro vezes seguidas o 'Ivan, o terrível', do Eiseinstein, no Estúdio 222, especialmente pela parte a preto e branco; se hoje fizesse uma lista a puxar para o minúsculo, esse teria sempre lugar. E, mais novo, claro que via os musicais, gostei do 'Um violionista no telhado', o 'Oliver', o 'Hello Dolly', todos esses.
Depois vim para a Europa, e vocês sabem como é... como escolher? sim, quando descobri o Tarantino vi-o todo e escolho o 'cães danados'; sim, adoro o Peter Greenaway e dele escolho o 'o cozinheiro, o ladrão, a amante e... mais sei lá o quê?', pois aquela parte do miúdo a cantar ópera numa cozinha que parece irreal ainda hoje me arrepia. Não sou diferente de qualquer macho que se preze e incluo a saga dos 'padrinho' por inteiro, com destaque para (o 2? o 3?) aquela cena do grito que vai nascendo no Al Pacino quando, nas escadas da igreja, lhe vêm dizer que um dos filhos foi morto... Um momento de interpretação especial, magnífico. Que mais? Ah... os daquele dinamarquês, o Lars von Trier. E não falo só do mais ou menos recente 'Dogville' pois lembro-me bem do 'Europa', um filme que é um monumento à arte de filmar. Todos os James Bond, obviamente. Com Veneza no título e nas imagens, o 'Morte em Veneza' do Visconti, e o 'Aquele inverno em Veneza' com a Julie Christie e o Donald Shuterland (Nicolas Roeg? será?). 'Cinema Paraíso' tem lugar cativo nesta lista. Já agora, o 'A vida é bela', também.
Estou a excluir muitos de que li os livros antes do filme e, depois... veio a desilusão que é natural. Não no caso do do Thomas Mann, pois o filme não me desiludiu. Mas normalmente assim acontece, pois um livro bem escrito 'dá-me' o filme sempre em melhores planos que o realizador os pensou e filmou, facto. E de filmes chega, falta só dizer que em miúdo 'mamei' todos os épicos possíveis, 'Ben-Hur' e parentela, mais tarde os 'Bruce Lee', e que detesto filmes de vampiros.
Ufa...
......................................................
4 pratos favoritos: esta é fácil! Esparguete à João Carapinha, omoleta à Carlos Gil, caril de camarão e um peixito grelhado, quase que digo 'qualquer'! Segue...
......................................................
4 séries que nunca perco: digo-o sem 'caganças' ou intelectualismos: eu não tenho tempo para ver televisão, sequer os telejornais. Já agora também não gosto, quase que odeio aquela coisa. No 'antes' recordo a novela 'Gabriela', os primeiros tempos do 'Dallas' e 'A família Bellamy', também o concurso da 'vaca Cornélia'. E assim fazem quatro, não é? siga a marinha...
.......................................................
4 websites: olha lá, ó TT! não queres antes 40? lol pronto, tá bem: Ultimate Carpage; Super Cars, Fast Auto (não meto links, procurem no Santo Google) e Grupos MSN, diversos; eu não leio blogues ehehe: DEVORO-OS!
Que falta?
.......................................................
4 sítios onde gostava de estar agora: numa montanha ou numa praia, num campo ou numa cidade; com duas condições: acesso à internet e isolamento 'quase' total. Mais nada (reparem só na subtileza do 'quase'... ah mangusso que tu não tens juízinho nenhum...)
.......................................................
.... e chegou a hora das prendas, a seguir raspo-me que são quase quatro (maldito número) da matina: de rajada, a pitinha Theo do A Sebenta e do rrras-te-parta, a miúda rabina que anda para cá e para lá que nem uma barata tonta, o man dos bombardeamentos sonoros e pictórios, o Banzai (parece que meteu férias mas há-de regressar ao porta-aviões) e, finalmente, o André do Nkhululeko se ele, 'lá' no melhor local para saborear o Índico, quiser alinhar na brincadeira!
E raspo-me....
(imagem do '4' gamada aqui)

.......................................................

quarta-feira, março 29, 2006

Párem, por favor!


causas a que não nos faz bem fecharmos os olhos. E dar-lhes o nosso nome, juntar a nossa assinatura, só nos dignifica enquanto "seres evoluídos".
Peço-vos: assinem esta petição por favor. Para 'evoluírmos', de certeza que também se tem de passar além desta barbárie.
(a imagem da foca bebé foi tirada daqui. Olhem-na)

Criatividade



'pub' é isto*, passe a publicidade...
* site português, premiado

viagem à memória

O Google Earth permite muita coisa. Diz-se que até ver quem tem piscina em casa ou não, se o carro está parado à porta, ou que os 'Bins Ladens' o podem utilizar para maldades, etc.
Eu estive a viajar pelo meu passado, pela Lourenço Marques colonial, aquela que conheci, mercê das actuais imagens de Maputo. Da Mafalala e do Alto Maé ao Malhangalene, da marginal à Polana, fui colocando piónaises em locais que a memória recordou; muitos ligados às 'aventuras' que contei por aqui na net e depois foram editadas no livro Xicuembo. Detive-me nos passeios fronteiros às casas de velhas paixões, os primeiros amores, aqueles que foram chorados e sorridos com uma pureza que nunca mais se encontrou, voltei a faltar às aulas para ir ao cinema ou para fascinantes jogos de bilhar, perdi-me de novo nas montras da Casa Vilaça e revisitei a FACIM e o Luna Parque.
Convido-vos a visitarem a minha LM, via fotos de imagens que coloquei num Grupo MSN. Em calhando e havendo tempo e boas memórias, façam o mesmo e verão que é agradável.

terça-feira, março 28, 2006

Letra D: "palhaço"


Coitadito do meu palhacito!... nasceu assim, laçarote airoso em tez acrílica de cores pouco alvas e, talvez por aí, pouco charmosas. Dei-lhe olhos em destaque, amarelo-amarelo que se pretendia brilharem lado a lado com um brinco, toque pessoal. Atrás pus-lhe uma multidão que o olhava, plural, tutti frutti de cores (o seu público?) parceira do laço garboso que alinha sob a barba rala.
Quando o mostrei pela primeira vez fora de portas foi chamado de "elo perdido", "chimpanzé", até cognome de "lobisomem" ele ouviu... 'tadito do meu palhacito... No regresso ao 'atelier' levou mais uma bancada de público, negra, escura como o breu dos mimos que lhe dedicaram!
Um dia farei uma Redacção que começará assim: "eu gosto muito do meu palhaço. eu zango-me quando dizem mal do meu palhaço pois ele é lindo e faz-me rir, eu um dia também quero ser um palhaço para ter um laço assim bonito, azul com bolinhas brancas e vermelhas. eu gosto mesmo muito do meu palhaço que me faz rir e eu gosto também muito de rir, mas deito a língua de fora a quem disser mal dele pois esses não sabem rir-se como (e com) o meu palhacito".
:-)

Se...

... gostas de teatro, daquele amador em que somos felizes e trôpegos reis e coradas e nervosas rainhas, de sorrir à alegria da juventude que cria - hoje e também assim! os alicerces duma cidadania culta e íntegra de amanhã, se dia 1 ou 2 de Abril forem as datas que os astros te recomendam para evadires-te ao remanso, gostosa modorra da rotina, acessoriamente se te der na gana e também decidires comer umas caralhotas* ou uma sopa da pedra, então vem a Almeirim ver os "Narizes Perfeitos" estrear a sua nova peça, 'Peter Pan'.
É no cine-teatro junto ao jardim, bem no centro da cidade. Recuperado recentemente, mais-valia local cujo palco merece palmas e afagos para não caminhar, de novo, para o imobilismo das projecções dos hit's, essas 'enchentes' efémeras que um dia terminam e mais um cinema, um teatro, morre assim. Já aconteceu, foi assim. Esteve dez anos ou mais fechado, vamos dar-lhe força nesta sua segunda oportunidade, também tu leitor que és de cá, de Almeirim. Há eucaliptais que tudo secam à sua volta e a abstenção e a indiferença não são os menores, são hectares dum fado a que há que dar fim. Queiramo-lo.
Este post estava para ser pouco mais que uma linkagem ao blogue do meu amigo e colega blogueiro Xarim, pois ele deu lá e com a oportunidade habitual a notícia, e até com imagem que eu não tenho. Enquanto tentava que o irascível mr. blogger.com fizesse para aqui o download da imagem (a ser gamada ao Grilo Escrevente) fui escrevendo e alonguei-me. Desisti da imagem, pois parece que é mesmo impossível "encontrar a página"... Ficou um apelo e um desabafo, termino com Orgulho em dizer-vos que, no palco, estará um terço do oxigénio que me faz suspirar de esperança nos dias que faltam nascer, o Futuro :-)
*'caralhotas' é a designação popular do pão típico local. Saboroso e guloso, talvez não recomendável a quem faz mais juz a linhas estéticas que aos prazeres simples de viver. Recomendo-o, obviamente.

segunda-feira, março 27, 2006

Pegar no pincel sem medo "à pincelada", 'desenhar' com aparo grosso e felpudo. É o principal. O resto é só cor, essa matéria polémica.
Ok, "só" falta fazê-lo.
(encontrei os pincéis aqui, e trouxe-os para aqui)

Kontiki, Larf Erikson, et al

Leio no Público (novamente na edição de papel, no site da net há informação seccionada para 'ricos' e 'pobres' com critérios... "esquisitos") acerca do mapa de No Yi Zong, e das teses de Menzias apadrinhadas por um candidato a jackot chamado Liu Chang.
Acho que o sr. Chang vai conseguir vendê-lo (o mapa) por um pouco mais que os 500 dólares. Se até há museus com pénis de baleias...
(imagem, de que me servi sem licença, daqui)

"mau Maria!"



O Belenenses perdeu um jogo do qual não deveria sair sem pontos: é um adversário directo.
(a imagem do bonito Estádio do Restelo, onde se vê mar e grita-se "golo!", foi conseguida aqui)

cinzento, digo, burguêsmente correcto

Mas há um antagonismo de instinto quando há um salto na paisagem. Apostam na casa: sempre, sempre, contra o jogador.
(imagem gamada aqui)

domingo, março 26, 2006

Pulido Valente: frases

[o do falecido "O Especto", (quase um "Murcon" na juventude, 484 comentários ao 'último' post...) esse rapaz que nos abandonou e voltou a vender jornais]
"Paulo Portas descobriu a SIC. E o partido sexy do dr. Pires de Lima anda por aí, um pouco estonteado, à procura de sexo."
"... o MIC (que nome!) do dr. Alegre e o seu milhão de votos já saíram, como previsto, pelo cano. Sócrates não precisa de se preocupar com a retaguarda."
Mais:
"Os papéis mudaram. O "homem forte" é agora do PS e o "homem forte" em Portugal é sempre popular. Basta pensar no engº Francisco Van Zeller ou ler a prosa babosa, e babada, dos "comentadores".
E finalmente esta que abre a crónica de hoje no Público" (leio no em papel, no site da Internet é página para leitores-pagantes, voilá), donde gamei estes trechos especialmente temperados "à la VPV maison": este homem na cozinha será simplesmente terrível...
"Quando Marques Mendes ganhasse as locais, que retumbantemente ganhou, e quando Cavaco ganhasse a Presidência, que também ganhou, então, sim, o PSD iria fazer uma oposição terrível (...) No essencial, o PSD está condenado à frivolidade: a explorar um descontentamento que sabe inevitável; a insuflar questões de pormenor; e a pisar e a repisar que as vozes são mais que as nozes."
Irra! o que é que este gajo come???
(imagem gamada daqui)

que



... e o país vai rolando, igual, nada a dizer que.

Lapso histórico ou verão de s. martinho?

(imagem gamada aqui)

trus-trus


O Google Earth já disponibiliza imagens em maior resolução de Maputo e arredores, em escalas idênticas às que já todos cuscamos daqui, do 'nosso primeiro mundo'.
A primeira volta pelas ruas da cidade conduziu-me nos passos lógicos às casas em que vivi, desde a primeira na Avenida de Angola, depois ao Malhangalene e até a uma flat na longínea Pinheiro Chagas* em que morei pouco tempo com dois amigos. Seguiram-se um ou outro local de recordações especiais, desde o jardim em frente ao liceu Salazar onde via diariamente o pôr-do-sol, as escolas e os cafés que frequentei, também meti piónaises num ou outro ponto mais conhecido para melhor orientação. E fiz a peregrinação dos locais onde, no Xicuembo, conto aventuras pessoais que lá se passaram. Enfim, estava um mapa de saudosismo sem sal nem jeito...
Até que nasceu-me um sorriso e comecei a procurar as casas das minhas paixões, as pitas que jurei amar eternamante e por quem sentia-me a morrer de amor... a pitinha Alice, a Marisa e a Marília, a Egídia do "Comércio", a inesquecível Carla, a Odete das pernas grandes, até a Becas por quem a adoração foi mais suave dado não me lembrar de alguma vez lhe ter feito um poema!... Foi tão bonito! tive momentos em que deixei rolar uma lágrima, lágrimas de saudades de mim, do puto que fui todo coração e sentimentos, o chantily dos sonhos fazendo-me esticar um dedo maroto e guloso, faminto de doces amores, esses sabores que entusiasmam o crescer...
Não escrevo mais sobre isto. Acho que já desvendei o q.b. de intimidade e tenho cantinhos em mim pelos quais zelo com o cuidado de quem abre um guarda jóias onde guarda as melhores linhas do seu currículo. Percebem, estou certo, eu não sou diferente de vocês.
* neste post mantenho a toponímia original por estar a recorrer à minha memória; seria um absurdo do 'políticamente correcto' reviver mentalmente a 'Pinheiro Chagas' e chamar-lhe o seu nome actual, 'Eduardo Mondlane', este exemplo entre tantos.

sexta-feira, março 24, 2006

Música, Maestrina!
















Como o aparo está rombo e nos pincéis não me safo.... vivá música, maestro!
Nas imagens os resultados visuais (poupo-vos aos audíveis) da minha segunda lição de música, dadas pela minha maestrina de eleição, a pita Carla.
Sei lá como ou quando mas hei-de ver-me livre "dos papéis", nem que vá fazer equilibrismo para a Rua Augusta!

quinta-feira, março 23, 2006

50:2



Para rir. São bicicletas, senhores! _resmungo.
(mas haverá algum puto a quem, tendo ginga nova, os 'amigos' não perguntem se tem o pai na polícia?)

Afeganistão


Via Ma-Schamba chego a esta notícia aqui. Pior ainda quando leio a data da ambiguidade conquistada e que tal horror teoricamente permite: Janeiro de 2004. As bombas são sempre excessivas, e neste caso trata-se de mentalides tão distintas das minhas e nossas, que verá como cena dos 'apanhados' o ser multado por acreditar ou ter fé nisto ou naquilo.

(a imagem foi gamada aqui)

Outra vez?!


Novamente via Nkululeko sei do terceiro tremor de terra em Moçambique e com epicentro sempre mais ou menos na mesma zona, lá onde Gaza termina e nasce Manica.
Como ela, (a da patuskada na Nazaré daqui a dias) na altura do segundo disse, e eu assino por baixo: "xôoo!, tremideira, fora da minha terra, JÁ!!!"

(foto da fissura, que tem sete quilómetros, colocada há três dias atrás pelo Artur "Buda" num grupo MSN, este aqui )

Sexo & Salinas


Ela perguntou, provocadora: "porque é que os peixes do mar não são salgados?" Um sem blog e link possível de ser explicado, pois é do imenso grupo que faz a diferença em qualquer local que o sinta, fez um trocadilho com a salga do bacalhau ou coisa assim, e eu enlouqueci:
..............................
“não é nada disso! o peixe, como os cães os gatos, os caranguejos e as pessoas, também bebe água. Como nos mares não há a EPAL estava condenado a beber só água salgada. E assim aconteceu durante milhares, milhões de anos.
Mas a Natureza tudo corrige, quando vai a tempo.... No caso foi e, em lentas mutações, desenvolveu nos peixes um órgão que é uma espécie de alambique, ou filtro, ou lá como se chama aquela coisa que vendem nas casas aos clientes insatisfeitos com a dita EPAL. No caso em análise, peixes, os cientistas chamam-lhe "membranus filtrotis salgadus est, alias era". Li uma vez um artigo sobre isto, aqui na net.
Assim, quando eles abrem a boca para beber água salgada, a tal membrana acolhe-a, filtra-a, côa-a, e passa para o esófago só a doce, límpida, cristalina, epalística, sendo que o sal, ora cristalizado, sai nos dejectos pela parte anterior, vulgo cauda.
As salinas não são mais que latrinas piscícolas, ora bem. Mas esta é outra parte, e não era este o tema... voltemos à água salgada e ao porquê dos peixes não serem 'salgados', embora vivam na e bebam a água salgada. Como retro explicado, há um processo natural, físico, de decomposição do líquido ingerido em duas partes: uma, a potável, é absorvida pelo corpo do escamoso e vai dar-lhe aquele aspecto branquinho à carne que tão bem conhecemos; a outra, o desperdício, sai pelo seu primo do ânus, tubo de escape salinoso. Todo? não, não todo, e aqui está mais uma maravilha da natureza e de como ela tupo aproveita e recicla, tudo torna útil e prazenteiro aos prazeres da carne, mesmo que de vulgo peixe se trata. Aliás, "até os bichinhos gostam..."
Portanto, e como explicava o que uma vez li, desse sal cristalizado que depois é ejectado pelo tubo de escape (olham com atenção para um aquário: nem todas as bolhinhas vêm da boca do dito, pois não?), há uma ínfima parte, o escol, a 'gema', que o organismo retém e depois utiliza em rituais de acasalamento. Como? como age? Assim: quando uma peixa vê um peixe e coisa & tal, e vice-versa, o que lhes fazem bater as pestanas não são os movimentos voluptuosos das caudas, não é bem como nos humanos. Nos peixes as fenomonas são salgadas e por basta razão: quando um peixe (ou uma peia, é igual e são mt liberais) pensa que, enfim, até dava uma, uma minúscula bolsa no seu interior (junto à guelra esquerda, li no tal artigo, (procurem no Google salt + sex + fish + good) abre uma portinhola e solta uns pozinhos daquela coisa, salgada, a pura essência do sal. O corpinho do dito/a, com o choque electrofásico do tempero, tem um estremecimento e, maravilha das maravilhas! (li...) as escamas agitam-se levemente, suavemente, quase impávidas aos nossos olhos mas como que capote vermelhão para touro da lezíria: é como um analfabeto passar pelas montras de Amesterdão e ler perfeitamente "anda cá, ó cabrito" mesmo sem saber ler uma letra do tamanho dum boi.
E assim acontecem as coisas, não é só a história do ovo e dos ninhos que deve ser ensinada ás criancinhas, está chegada a hora de lhes contar o porquê de os peixes do mar não serem salgados. Eu, confesso-vos, desde que li o tal artigo que evito passar pela praça, secção das peixeiras: sinto-me como um necrófilo, pois não sei se do cheiro a sal, se das escamas, sei lá do qu~e, a verdade verdadinha é que, entre bancadas e gritos de "ó freguês! ólhá maruca, a pescadinha, o carapau e a sardinha!", vejo com outro olhar as peixeiras, vejo-lhes atributos que eram insuspeitos e noto-lhes qualidades que, noutro local nunca veria, e tenho de desatar a fugir dali antes que... glupp! tchau, chega de National Geographic.”


'Lá' falei em bilhetes; aqui são a 2,50 € e envio NIB por mail, a pedido.
.............................................
(o local de acasalamento peixal onde foi gamada a foto é inocente à minha existência)

quarta-feira, março 22, 2006


Ricardo contra Baía: foi um grande momento de televisão.

(sem imagem)

“compete ao PR assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas” Mais coisa menos coisa, na cartilha fundamental, constitucional, há-de lá estar este preceito.
Os parlamentos, seja o nacional sejam os regionais, não são sobrinhos adoptados pelo regime democrático que nasceu em 25 de Abril de 1974. São seus filhos naturais e sem tal sémen o óvulo nacional paria coisas diversas, e lá germinavam yes-mans aos seus egoísmos e espelho dos seus medos nas polícias que mantinham, puras abéculas de fato e colete que por decreto e por orçamento aprovado impunham castas ao direito de andar-se direito. Em linguagem comum fascistas, e o seu fim nos topos do Estado que é de Todos (pois de todos ele trata), essa é a mudança de Abril que permite àquelas instituições maiores serem o espelho do exercício dos seus componentes, umas vezes para aqui, outras para ali, este gostoso direito de saber-se que, mais ano menos ano, iremos todos a perguntas e podemos pô-los a andar com vaia e má nota. A democracia, essa coisa, recorde-se.
Compete ao PR redignificar o parlamento regional madeirense. Dedicando da primeira à última linha do discurso a explicação do quanto todos devemos àquela data, e com umas palavras sobre regras de boa-educação e sentido de estado, coisas assim e que tardam de serem ditas. E que lhe competem, chame-se João ou Joaquim. Feito lá. Com a sua presença impor o respeito devido ao passado que deu liberdade ao presente. À sua existência, assim, livre, livre nas patacoadas que os humanos em bando por vezes praticam, mas livre ao ponto de ter que respeitar o passado que lho permitiu, sob pena de nomes não famosos pela amabilidade.
Não tem a ver com intromissão em poderes alheios, tem melhores relações com um exercício capaz, o cumprir de obrigações de cargo, a instituição a funcionar em pleno exercício da razão de existir: o todo nacional que vai além dos umbigos. Ao fazê-lo, feito com Dignidade. Impondo-a e ao respeito, pelo exemplo.
Aguardo, e por certo não estou sozinho: aqui sonho-me ‘todos’.
(tristeza e revolta gamadas sei lá já onde)

o que é um mangusso? - recordando...

Este mundo virtual é uma surpresa contínua. Vocês querem lá crer que há uma pitinha, nascida na Malhangalene e mãe de três filhos, e que não sabe o que é um mangusso? pois é, é verdade, tss tss...
Assim permito-me ir ao armazém e repescar três linhas, manual informativo com as linhas gerais do bicho, hábitos e prazo de garantia. Que não desejo a conterrânea (ainda para mais do Malhangalene!...) tal falta curricular, quiçá propícia a poder vir a confundir tão inocente animalzinho com alguma fera de grande porte, quem sabe de apetites vorazes. Isso nunca, tirava gosto, pêlo e sorriso ao mangusso! :-)
(imagem dum meu ilustre antecessor em traje de luces, gamada aqui)

Letra "H"


É um campo, montanhas e céu, uma mulher de rabo de cavalo e um púdico. E calo-me, quanto mais falo mais me enterro... lol

O abecedário da cor


Primeiro deixo bem claro que nunca fui barra nem em números nem em letras. Quanto a estas, é ver-se a quantidade de erros ortográficos que dou por decímetro quadrado; e no que respeita àqueles, não pespego aqui com um scanner do meu extracto bancário por ainda maior vergonha.
Isto dito e explicadinho passo ao que cá me tráz: há erro no abecedário da cor, hoje de manhã dei pela falta da letra "F" e, à bocado e quando arrumava as fotos dos quadros, vi que a "E" afinal também não existia, nunca tinha sido pintada: 'saltei' as duas. Enfim, sofreguidão de novato...
Portanto e recapitulando, ora com cábula na mão, as letras/cores são assim:
Letra A - nome "A"
Letra B - nome "mar"
Letra C - nome "Mick Jaeger/FACIM"
Letra D - nome "palhaço"
Letra E - nome "esparguete"
Letra F - nome "onda"
Letra G - nome "campo com flor"
Letra H - nome "campo, mulher, e púdico"
Letra I - nome "mar e barco"
Reposta a boa ordem alfabética vou então publicar mais um quadro. Tan-tan-tan-tan... a qual calhará?
(imagem gamada onde a própria indica)

segunda-feira, março 20, 2006

"A liberdade é..."



Liberdade é pensamento!
Sim!
Liberdade é ter sede de contentamento.
Sim!
..........
Liberdade é roçar a caneta pelo papel,
ouvir o seu ruído.
Liberdade é ditar ao mundo
e ser ouvido.
...........
Liberdade é um instinto natural
que nos consome.
É vontade que nos faz perder
o sono, a lucidez, a fome.
...........
Liberdade é respirar fundo!
É não pensar no que se diz.
Afinal de contas,
Liberdade é ser feliz!
.......................................................................
Poema feito pela minha filhota, Carla, num teste de português em que a composição tinha como tema o título. A pita tem jeito!!!
(imagem gamada aqui)

domingo, março 19, 2006

o "C", em duas fases




... mais ou menos como é contado aqui, pois o antes e o depois neste quadro (um óleo, para estreia) fizeram-me recordar aquela velha estória até porque o perfil desenhado é o mesmo, o meu desenho recorrente desde aquela idade.
A Carla insiste em chamar este quadro de 'Mick Jaeger'. Eu não concordo, pois quando o olho, fase 1 ou 2, lembro-me é da FACIM e do aprendiz de hippie, então ainda muito mais em 'beatles' que em 'stones'.

o "H"


Já percebi algumas coisas: primeiro, acontece sobrar tinta na paleta; sabendo quando custou cada bisnaga excede-se no uso das sobras no mesmo quadro, e estraga-se. Depois vem a fase em que se põe de menos, e, na carência que se sucede, o reforço já não consegue a mesma tonalidade nas misturas, e sai outra vez cagada.
Até porque as bisnagas ainda estão muito mais para o cheio que o inverso, a seguir vem a fase actual, em que fiz o "G", e usa-se no quadro só a necessária e olha-se a que sobre no prato e na paleta como 'sobras', existências a abater em lavagem do material e a esquecer, prejuízo menor que 'estragar mais' a pintura original. Ou, hipótese que se me revelou hoje, numa tela pequenina fazer, pintar, algo simples e baseado nas cores-excessos que me olham da mão.
E foi assim este, o "H", como todos anteriores um acrílico, em tela pequenina e ainda menor que a do "palhaço" (que brevemente aqui porei, de todas as minhas obras a mais mimoseada com alcunhas que, então, contarei e do meu júbilo com tal consagração.
(Este alfabeto é um pouco desorganizado, mas vai-se lendo: nesta tela há uma flor)

o "G"

Esta tarde voltei ao mar. Imaginei-o numa onda enorme, que crescia em direcção ao céu, elevando-se e ameaçando alcançar-me, inundar-me. Fi-la enrolando-se como que em investida, mas crescendo em direcção a alturas gigantescas, prestes a rojar-se, sugando a paisagem pois o mar, quando cresce nos seus verdes profundos alimenta-se de muitos azuis espumados,auréolas do beijo com que inunda a tela. Foi assim que o vi, o meu "G" feito esta tarde, em que o seu céu deu-me alegria de paleta e fez abrir bisnagas de prazer.

sábado, março 18, 2006

hostil ou não hostil? eis a questão....


A imprensa diz-me que o proto-eleitorado Manuel Alegre é considerado opável pelo BE.
Estou desconfiado com tão ilustre atenção, não percebo se é uma carícia ou uma bofetada.
(imagem gamada aqui)

sexta-feira, março 17, 2006

As OPAS e as sessões de porrada

Ao que percebi isto é mais ou menos assim: A Sonae, que é cinco ou vinte vezes menor que a PT, segundo critérios que concordam na miniatura da desafiante, ameaça engoli-la, e o dinheiro vem daqui ao lado (e o raio da peseta pesava um bom bocado mais que o escudo, nos tempos em que as moedas contavam o presente das economias-mães). Mortinhos por embolsar uns milhões há dois stars locais que passam a ferro os equipamentos para irem a jogo, ou melhor, fazerem o catering aos seus sponsor’s estrangeiros que, para estas coisas, contratam sempre uns indígenas.
Parece moda e iremos a ver se a gula, a vaidade e a ambição ficam por aqui. O BCP quer cavalgar esta onda basbaque dos tesos para com os duelos da malta da massa, e manda a sua OPA sobre um vizinho mais minorca, o BPI. Como a história parecia vir contada ao contrário e o que está a dar é os mais pequenos irem às fuças aos maiores - David deveria ser o apelido português mais popular -, então o dito minorca não se agacha e ameaça em surdina virar o feitiço ao feiticeiro e dar-lhe a provar a mesma ração, numa contra-OPA. Quer um quer outro, mais o mais pequeno que o menos, têm a sua credibilidade financeira, reservas de capital, suporte, poder, em capital estrangeiro, dinheiro dos ‘grandes’, leia-se investidores não nacionais.
Um dia estas contas serão lembradas, a História dum País (letras grandes, sempre) em que os pobres os médios e os pouco ricos salivaram ao cheiro dos grandes combates do Capital (idem, merece-o), que não lado a lado com um nacionalismo ausente, residual quando soa a banquete do vil metal.
Que somos? quem somos? Que 2006 é este, que “era” é esta em que no pátio das misericórdias europeias aterram capitalistas de qualquer lado, contratam serviçais para tradutores e outros incómodos, montam arena e entretêm-se a jogar ao Monopólio com as nossas casas e hotéis, ruas, avenidas e estações, companhias de água e de electricidade?
O caos torna-se uma forma natural de viver. Se há trinta anos atrás eu atreve-se este post chamar-me-iam um promissor escritor de ficção científica. Hoje sou um desajustado social, ‘cego’ às realidades da economia.
(imagem gamada daqui)

quinta-feira, março 16, 2006

"B"


O meu "mar", também a minha segunda tela, letra "B". Nele haverá um excesso de verdes mas, nela, não há míngua alguma de gosto pois tive uma sensação especial de prazer ao pintá-la. O meu mar é a tela que nunca me cansarei de escrever, molha-me de saudade olhos, pincel ou caneta - eu leio-o perfeitamente.

sim, vou dizê-lo

Tenho medo. E confesso-o sem medo, curiosa contradição. Do mítico Futuro, esse andarilho que ainda não desembarcou para caminhadas de que não sei rumos e paisagens mas que em cada passo dos de ora avisa que está já já chegando, não tarda apeia-se e vai-me dar a obrigatoriedade do seu braço, impor-me andamentos que, receio, a quietude que uso não conhece e não gostará de trilhar. E tenho medo de não ser amado: há um desespero por sê-lo, joke, sempre uma joke que oculte o vazio onde esponjo no medo, da rejeição, do ostracismo, de ser ignorado e ser-me imposta pena de chafurdar na vulgaridade, de o fim vir a ser igual ao antes, futilidades tantas que comunguei e hoje me enojam. Talvez seja por isso que sou blogueiro, que sou o 'web', que os meus olhos estranham quando não estão a olhar para um monitor e piscam, temerosos. Também de ser uma desilusão, e tantas vezes sou injusto com os que me dão o seu carinho à maneira do antes, cara a cara e com um sorriso franco, ao amaldiçoar os dias em que apaguei o écran e me dei a conhecer 'ao vivo', tão ridículo que me olho lado-a-lado no contraste com a fluência e bondade bem-pensante que escrevia. Escrevia. Afinal, ao criar-me também cavei os alicerces da desilusão, obra que ninguém embargou e que cresce, cresce... E espanto-me, admiro-me e mal aceito que, afinal! haja quem goste de mim mesmo sem a net-máscara, aí choro pelo injusto que sou, indigno, esta dupla desilusão. "eu tenho um blogue"... eu tenho o quê?
Esta a ponta do Meu Medo, eu tenho é esta ponta dum novelo que tenho medo de desenrolar pois na minha memória estão alguns dos seus nós e de como foram atados. O meu imenso egoísmo, este também fel que sempre me alimentou e é tubagem cristalizada, a acidez que me faz rabujo, ingrato, o tal senhor de Hyde destoutro que escreve, autor e personagem que não casam, vivem em comunhão de interesses, meio passo dado para andarem à estalada quando o Presente estremece em grau que vá além deste inócuo 1024 x 768. Estive quinze dias, ou mais, sem escrever publicamente. Na net, mas em quase silêncio, em resguardo de medos, manta de mim. Vagabundeei pelo antes, trilhei caminhos e sentei-me a mesas que abandonara. Odiei cada segundo: vivi a realidade, a boçalidade que me repugna, o ouvir os papagaios apalermados que falam sem pensar (e... sabem-no? fazê-lo?) mas têm bonitos trinados, chafurdei na vulgaridade. Voltei arrepiado, assustado. Com medo. De ser assim o amanhã, de ter de dar de enfiada tantos nós cegos no novelo que ele me venha a engolir, adeus CG, adeus tanto e olá medo, um olá amargo de regresso ao charco, aprender a coachar, talvez um dia saiam trinados, essa suprema humilhação de se ser 'aplaudido' pela vulgaridade, a boçalidade. Medo, estou a contá-lo.
Ou se calhar não: este Medo é bem-vindo, têm razão todos os que dizem, cara dos parvos que são e sorriso dos cínicos que sempre foram, que o mundo da internet é uma ilusão, jus à tradução simplista de virtual, que nela vivem os frustrados, os falhados, todos os que não são capazes de trinar baboseiras com a pose alarve de quem vive devoto doutro tipo de 'aparências', as ditas reais, fato-gravata e cartão dourado.
(Na imagem 'o grito', de Munch, imagem gamada aqui, aproveitando para declarar publicamente que é tela que não está na minha posse, só sou ladrão do seu espírito)

quarta-feira, março 15, 2006

O Tico


Quando estaciono o carro ao chegar a casa, a esta hora em que ao covil se regressa e mergulha-se na netpele, tenho sempre atenção para ver se vejo quer no passeio ou nos ‘buracos' de estacionamento, as suas sombras num recanto, ao Tico e ao Jacky, este um husky adulto que não se ouve na sua pele de lobo manso, aquele uma daquelas coisas baixinhas e cheias de pêlo sem raça definida, pêlo avermelhado nuns olhos castanhos-escuros que não me largam, falam-me.

São doutro andar no prédio e têm a sua história mas dela não vamos falar, à excepção do Tico e das nossas conversas mudas, cumplicidades de condomínio, meu companheiro ao regresso a quem sinto a falta quando não aparece. Este Inverno tem sido mau e o Tito está velho e não tem o pêlo lustroso do husky, que esse dorme em casa e só faz o serão cá fora. O Tito não, e seroa o antes das madrugadas nas escadas quando a minha mão abre a porta a ambos, ele olhando-me, falando-me e nós falando-nos, e seguia-o com o olhar enquanto ele se perdia no virar de lancis, mais lesto no trepar à porta que lhe é familiar que eu à minha. Depois, arfamos noites e equilibramos as coisas, já ele me deixava ombro-a-ombro no meu lancil, um longo olhar de despedida após segundos de repouso.

Hoje tive um estremecimento íntimo, pois houve um momento em que só não ultrapassei o Tico porque, surpreso, reparei no significado evidente do mais difícil que é a um short como o Tico trepar tantos, cada vez mais tantos, degraus de enfiada, da lentidão da idade e do seu peso. Gosto do Tico, e vejo nele um cúmplice que me dá a absolvição primária quando, pecador, caminho para este remanso de só contá-las. Ao princípio, quando passou da festa de abanar o seu felpudo rabo para o roçar-se nas minhas pernas, nas primeiras vezes ainda tive um evitar espontâneo, preocupado com o que dias, serões e muitas noites nos lindos passeios, ruas, jardins e baldios, farão á pele, especialmente à felpuda do Tico. Porém olhámo-nos quando ele parou a meu pedido na sua carícia: hoje ele é mais comedido e eu sempre saudoso, há sempre um leve toque físico e depois passita no silêncio até em defronte ao portão das escadas, e senta-se vendo-me meter a chave, abrir, olharmo-nos. Eu a acreditar que também sorrindo-nos.

Por isto tudo tive um momento de tristeza quando, por pouco, não ultrapassei o Tico no ascender a porta segura, a covil, e prestei especial atenção ao seu arfar e aos seus movimentos, triste a ver que sim, ele estava a esforçar-se por subir tanto degrau e não simplesmente a fazer-me companhia. E que sentirá ele de mim? teremos tempo para ele contar-mo, quando eu estaciono o carro e olho-o como das melhores partes da noite finda, simplesmente vizinhos do condomínio de viver?

O Tico, gosto dele e gosto de lho dizer, já agora contar-vos.
(imagem gamada aqui)

"A"


Este é o "A", o meu primeiro quadro. Acrílico em tela, materiais de que colhi imenso mesmo retirando-lhes nobreza por inépcia de desajeitado. Serenidade, paz, como exemplo. Mas há mais e disso ainda falarei, há e teremos tempo.
Este vazio não é o meu primeiro blogue. Folha branca como deverá sê-la para que os artifícios fiquem circunscritos ao arrumar das letras em palavras. Disso escreverei, falaremos.
Procuro nele sobras dum tempo de encantamento. Sim, sei que debalde pois nada se repete e é o passado que constrói o presente. Mas mesmo assim resolvi tentar, nestes primeiros espaços pintados buscando a emoção que senti quando a minha mão ergueu o pincel e este ousou dar cor à realidade do enorme branco da tela. É assim tão cheio, o vazio?

Receita com Ovos


Para se fazer uma óptima omolete é preciso mais que os ovos: recheio ao gosto mas que case em paladar, condimentos que alourem gostos e cheiros, e ornamentos para alindá-la no prato.

Passemos à questão, tudo em cima da bancada:
(dose para 2 pessoas)

instrumentos:
- vasilhame para mexer os ovos;
- uma colher de pau para esse efeito, ou uma daquelas coisas que é um pau com, na sua ponta, um arame enrolado, enrolado, enrolado, formando uma elipse; visualmente será parecido com uma antena de rádio dos camiões militares no teatro de operações; porém, nunca vi uma destas curiosas coisas pintada em tons de camuflado... se não houver a tal antena nem colher de pau, um garfo, uma colher, ou até um pau chinês ou uma esferográfica também servem (se se usar esta, fazê-lo com o lado oposto ao bico mergulhado na gemada, ou pôr a tampa p.f.)
- uma frigideira das anti-esturro;
- tampa para a frigideira que deve ser igual ou maior que o diâmetro da frigideira; menor não dá, eu já experimentei;
- fogão (e gás); fósforos, acendalhas ou isqueiro electrónico;
- 4-5 ovos;
- salsa picada;
- cebola também picada;
- o recheio a gosto que pode ir do banal fiambre (o da pá 'passa' mt bem), presunto, sobras do almoço, ou nada e pensa-se que está lá tudo.
- margarina, óleo, azeite ou manteiga para untar o fundo da frigideira (e as bordas também, no mínimo até 2/3 da sua altura, lado interior claro)
- uma coisa daquelas com buracos, que é de tirar as batatas fritas (escorredor?)

Partem-se os ovos para dentro do vasilhame; a técnica, a boa e ancestral, diz que é só feito com uma mão e assim: bate-se com o ovo na beira da bancada, se possível sem olhar e mantendo conversação com alguém: o efeito é garantido, pois essa pessoa ganha um respeitinho do caraças para quem faz uma coisa dessas de 'olhos fechados'; depois eleva-se rapidamente a mão que traz o quebrado, discretamente enfia-se um dedo pelo buraco por onde pinga o branco ranhoso, e mete-se tudo (branco + amarelo) no vasilhame; com o tal dedo e mais outro à escolha, tiram-se os bocados de casca que foram misturados. Meter sal à conta.
A seguir, e antes de se mostrar o poderio dos bíceps (fazer omoletes é actividade de verão), vai-se buscar a esfregona para limpar os pingos de ranho d'ovo no chão.
Bate-se até estar tudo misturado, fica uma espécie de leite-creme com borbulhas;
Mete-se tudo lá para dentro e mexe-se outra vez; o leite-creme passa a exibir resíduos sólidos boiantes.

Fase 2:
Acende-se o fogão e põe-se lá a frigideira, previamente untada da forma descrita (usam-se os dedos, dá um toque de glamour à confecção, à la mâitre); nos primeiros dois minutos da cozedura põe-se a tampa na frigideira pois dá um ar mais aloirado à gemada enquanto ela ferve.
Quando estiver vai não vai para começar a cheirar a queimado, enfim nesta parte tem de haver sensibilidade de conhecedor, mete-se todo o vasilhame lá para dentro, menos o dito. Tempera-se com piri-piri do bom.
Olha-se, sendo impossível fazê-lo sem se ficar fascinado vendo os lados do protótipo de omolete embranquecerem e enrijarem, no meio um caldo onde estão as excremências que lá pusemos, o 'recheio', boiando num caldo amarelo que ferve. Aproxima-se o grande momento...

Interlúdio
toma-se o peso ao escorredor (?), e simulam-se golpes de esgrima com ele; esta fase de treino é muito importante pois do seu bom manuseamento dependerá a 3ª fase da operação omolete, a decisiva. O pulso tem de ser ágil no impulsionar brusco do escorredor em voltas de 180º. Fundamental.
Assim que com treino e fé suficientes, e sempre de olho na frigideira onde o branco já começa a ficar castanho e o caldo até estala que nem o Vesúvio, passa-se à Fase 3:

Fase 3: a Hora dos Duros
Espeta-se com o escorredor num dos lados da semi-omolete, rasgando habilmente a parte colada à frigideira e de forma a colocar a ferramenta por baixo da caldeirada amarelada que ferve. A ideia é virá-la, ou no todo ou pelo menos em metade. Fazer como que uma 'sandes', haver dois lados cozidos por igual, com o dito recheio de pataniscas chamuscadas lá no meio. É o momento da verdade.

Fase 4:
Desliga-se o fogão e metem-se os ovos mexidos no prato, e degustam-se acompanhados de estalinhos da língua. Dizer que estão fenomenais e negar indignadamente que alguma vez se pretendeu fazer uma reles omoleta.
(imagem gamada aqui)

1



Não tenho links. Navego na web à bolina da memória, baú mais que suficiente para conhecer o peso do supérfluo.

(imagem gamada aqui)