domingo, dezembro 31, 2006

2006-2007

Sem net desde o princípio da tarde; após secas telefónicas com a assistência à surfagem do sapo acabei por reconhecer que eles teriam razão, e fui rever as minhas ligações caseiras: e lá estava, uma das 4-quatro-4 extensões de fio telefónico interligadas (smiley envergonhado...) estava em mau contacto.
Pelo aduzido decorre que o meu primeiro desejo para 2007 seja o de as grandes superfícies ou as lojas chinesas - à escolha: sou cliente compulsivo nas duas... - passem a ter kit's de extensão de cabo telefónico com 10, 15, 20 metros. Era fixe e é pela falta de merdas assim, simples, que este país está como está e há momentos em que a vida é um inferno. Portanto, concluo e acho que posso até dizer um 'conclui-se', o aparecerimento no 'mercado' dos tais megas-cabos de ext. telefónicas, no próximo ano, significaria um sinal de retoma nacional assumida, o País estar - finalmente! no bom caminho para ultrapassar, para ultrapassar... sei lá quem, pronto ou (a) Malta ou a Eslovénia: venha o diabo e escolha pois, reparei este ano, 2006, já não conheço ninguém nos lugares cá de trás da fila, colegas de pedincha e choradinho...

Ainda por cima no dia um vêm os romenos (que são uns ciganos do caraças e sacam logo o pilim todo à CE, ou invadem todos os cruzamentos de todas as cidades que não sejam as deles), e mais outro país ainda que agora não me lembra qual é. Mas isto já parece um albergue espanhol, - e com gestão do "José"!..., e por isso quase não conta quem entra, a porta está sempre aberta excepto para os turcos que, a esses, ainda iremos ter de responder(-lhes) em "referendo", se fazemos um IVG ao projecto-Europa-tão-clarinha, ou não. E o filme disso vai rodá-lo o Kusturica, ele tem jeito e está já habituado a lidar com ciganos, ai! queria dizer que está habituado a lidar connosco, é gajo do cinema europeu.

Pronto, metam lá os cabos à venda e não peçam muito por eles (olhem os chinas, olhem os chinas...) que o resto da economia, país incluído, vai logo atrás de tão poderoso sinal de modernidade, de progresso!... acresce e argumento, ora em causa própria, que não só era bom para o país e para toda a zona-€uro, cá em minha casa também era bom para o adsl.

'07 será épico com a adsl melhorada - só pode...

Ok, pessoal. Viva 2007, foi fixe curtir convosco em 2006 e para o ano que agora vai entrar faremos uma orgia, verão. Ou na primavera, já é estação 'passável'... :-)

Para a entrada uma palete de beijos a-meio-caminho-entre-o-púdico-e-o-descarado a 'elas', e másculos abraços a eles. E emborrachem-se sem vergonha: desde que não haja volante nem manetes a segurar, façam da noite o cenário para uns copázios bem aviados! MERECEMO-LOS, nós blogueiros ainda mais, muito justamente os primeiros a serem aviados mal a rolha salte ou a carica role. Só quem 'faz' um blogue sabe bem quantos dias tem um ano... oh p'ra este 'post'... ;-)

Gil, happy por já ter net again, et voilá, 2007 vai ser "aquele ano"!


(adaptação dum e-mail que mandei a dúzia e meia de amigos, daqueles mais malta dos mails. aqui generalizo a todos os que cá vêem, e o sentimento é o mesmo)

sábado, dezembro 30, 2006

Agradável


São cinco da manhã. Desde as 10 da noite que estou a arrumar livros e nem me apercebi das horas. Vim de lá com as mãos cheias de pó, deixei montes e montinhos por tudo o que é canto mas tenho a certeza que ela, a minha biblioteca, "agora vai": consegui criar secções semi-ecléticas já com alguma lógica e ordem.

Um dia destes inicio uma nova série de posts fotográficos "Livros", tal como fiz creio que antes do Verão. Já com a tal organização que, criá-la, garanto-vos ter sido um dos melhores serões/noitadas da memória recente.
Agora... vou dormir.
(o da foto não sou eu: encontrei-o aqui.)

sexta-feira, dezembro 29, 2006

dum vizinho

a tarde do romancista

tarde tensa em bicesse. o meu romance
encravou e não ata nem desata.
há quem me recomende que descanse
e deixe de escrever da pátria ingrata.

e fale doutras coisas, das que não
têm risco especial nem figurino,
mas pátria do romance é a paixão
e pátria da paixão é o destino

e é ele que comanda as personagens
e o seu desvario, o seu desnorte,
encontros, desencontros e viagens,
razão e sem razão e vida e morte.

tarde tensa em bicesse. mas os fados
por vezes dão enredos encravados.

Vasco Graça Moura, 'currente calamo'
"Poesia 2001-2005", Quetzal Editores

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Carlos Gil


Quem escreve tem nome. E cara, dá-a.

A minha crónica de Natal: José e Rosa, Rosa e José

Os sentimentos humanos mais fortes, ‘especiais’ - e falo principalmente no amor e seu júbilo, a paixão, pois não há ódios atraentes e das lágrimas há poços que metem medo, essas ternuras do existir sempre me cativaram e, sem ardor, torno-me seu quixote. E o Amor, esse…

Para os jovens é o riso do crescer, os rubores deliciosos, logo vem o “fartar vilanagem” em dose XXL de emoções e já no poente, no outono, por vezes cai do céu um manto que nos cobre e brilham achas que incendeiam alvas cãs, tapam engelhadas agruras, agitam-se vidinhas malsãs, uma paixão desgarrada cai-nos nos braços e brilhamos. Brilhamos, pois um Homem e uma Mulher apaixonados emanam luz de brilho, cor e tom especiais: eu, sempre romântico e sempre ciumento, reconheço e confirmo-o quando os vejo.

Por norma literária a vida dos amantes é voo de pássaros cegos, desesperados por uma praia um rochedo onde arrulhem o seu amor como eternos pombos que são, grandes, que por crescerem envelhecerem e abrirem as suas asas sobre o mar – voarem!, não merecem a ostracização do rude grasnar. Nunca. Pois eles, amantes, sussurram uma língua bela demais para tal vozear quando o manto cai dos céus e, em graça, os cobre e se apaixonam. Está nos livros e é da zoologia que amantes e pombos arrulham, grasnam os corvos e outros que tais. Também lá está, nos livros, que há sempre vilões que tentam impossibilitar esse voo chamado felicidade e liberdade, seja por fobia às próprias ou, freudeanamente, pelo imenso medo que têm em voar, e enciúmam quando levantam os olhos do chão e vêem, vêem o voar.

Depois há ‘a vidinha’: não se chega ao pé do ocaso sem um percurso, compromissos e ligações, juras d’outros tempos doutros mantos, luzes que a seu tempo nos caíram e nos iluminaram mas que o prazo, o percurso ou se calhar os compromissos, fundiram, apagaram. As marcas na coronha da vida, quase sempre o gasto couro forrado em cicatrizes e sedento, sequioso de ternuras. A vidinha. Felizes os que disserem que não. A vidinha, o social, a pirâmide humana em que a larga base barafusta, inveja e bica os lugares altaneiros, aqueles onde se senta a felicidade via boleia do Amor, amor que ‘eles’ dizem e resmungam que é e está fora d’época. A larga, gasta e infeliz vidinha da base olha, olha e inveja, inveja José e Rosa, Rosa e José. A pretexto e sem ele, ‘por outras razoes que se alevantam’, jogando o jogo da cadeira do poder dentro ou fora de portas, com ou sem pretexto a vidinha não aceita que o manto tenha caído assim tão perto deles e não os tenha tocado e, claro que tudo em compasso e batuta mui social e politicamente correcta, vá de zurzir neles, nele, Amor. Pois não é o político ou o social que perturba: é mesmo o Amor.

Claro que o Mundo não é assim. Claro que há múltiplas razões, todas muito socialmente inócuas e preservadoras de tradições e outros quistos para a turba lapidar o Amor quando o vê soltar as suas asas e voar, livre, ignobilmente livre: “pudera lá ser… aos sessenta’s amar, amar de apaixonado, ainda por cima correspondido… oh memória, oh vidinha, oh minha desgraça…” – aos que algo lhes falta, sobejam-lhes razões para invejar. Assim, e porque o Mundo não é assim feito de amor e felicidade, a turba invejosa tudo faz para que os pombos se cansem de voar, voar, amar, e pousem nas águas poluídas deste longo braço lezíreo onde, por agruras, peixes e bacilos, plâncton e algas, detritos e às vezes nenúfares, tudo e todos bóiam, infectando-se mutuamente: “pudera lá ser… afinal a poluição e a infelicidade são o nosso fado, são de todos e não escaparás”

Menos do voo dos amantes, aqueles que redescobrem nos traços da vida rugas que afinal são ternuras, nos olhos que sorriem lêem uma força nova e mais preciosa que títulos ou comendas, a força do Amor orlada com o seu “crème de la crème”, a paixão - eu avisei: não resisto a uma estória d’amor e sou um adjectivador abusador…, e, glosando gestas épicas ou romances de empalidecer de vergonha novelas e sua afícion, Rosa e José-José e Rosa sorriem e enlaçam o seu mais precioso bem que tantos invejam, o seu carinho mútuo, o seu amor.

O Autor, esse tirano da ficção, costuma resolver de tiro-e-queda e ou mata os vilões ou em liberdade criativa arregimenta-os para padrinhos do ‘enlace’, perdulário e tolerante mingua-lhes três linhas em nicos de felicidade e fecha em rosa as páginas finais. Eu já fechei este ‘conto’, e ainda não tinha escrito uma letra e já sabia qual o final que lhe desejava, eu que não voo mas gosto de ver as gaivotas voar. Na terrinha das nossas vidinhas há romance, há bem-querer no ar. Vocês conseguem murmurar como eu, louvar o benefício de lhe assistir, nem que um pouco invejoso um pouco esperançoso de, um dia, no meu ocaso, poder por ele, manto de luz, assim suspirar?

Bom Natal a todos.
(imagem daqui)

terça-feira, dezembro 26, 2006

placebos


"...veste o casulo dos sonhos, sente a seda da ilusão..."


(a imagem 'de sonho', desta vez, veio daqui)

segunda-feira, dezembro 25, 2006

momento (de desenjoo) gastronómico


Filetes de biqueirão: anchova do melhor sabor, bem salgadiça, assim e deliciosamente picante para desenjoar o palato, 'lavá-lo'.

A entremear entre cada meio-quilo de coisas doces.

da importância da falta de informação sexual na formação dalgumas taras sexuais bizarras, nos animais





Vou contar-vos da Tufas e das suas crises de sexualidade emergente, que me e nos deixam de boca aberta pois ela, eu particularmente espantado e a falar baixinho, 'salta para a espinha' a tudo o que seja bicho de peluche! a gaja nem 'as mede' nem, ao menos, sabe como se faz!

É fascinante. A falta de informação sexual que há e, daí, as taras que se instalam na cabeça duma cachorrita com dez meses, em plena e maravilhosa adolescência pelo seu relógio-padrão. A tipa é doida, mas é um espectáculo vê-la nas suas fantasias (isso, chamem-me voyeur que estou-me nas tintas!) e, muito mais, muito mais, vai ser a sua 'primeira vez': aquilo, a correr bem, o "mangusso" é outro taradito como ela e a coisa vai como a béu-béu quiser e mai nada, ou então vem de lá de cara feliz, um sapato na mão e toda arranhada. Acresce que 'tá sempre lixada que, aqui ou onde calhar, eu 'chibo-me' logo e rodo o filme!... :-)

Na primeira foto está a 'cheirar' a sua prenda de Natal, um Pluto em borracha. Provavelmente a pensar em como o vai seviciar, a correr um kama-sutra que, para mim que nunca tive ovelhinhas, é completamente novo e espantam-me os devaneios e os rocócós, a crença e imaginação da bicha, que inventa o que eu, fosse cão ou gato-mangussos, não era capaz de me lembrar. Eu, aos cinquenta's, ora m'espanto ora sou sipaio de doce e atrevida cadelita, daquelas tais de rabo a-dar a-dar, essas, das malandras e atrevidas...

Outro dia faço outro post erótico, agora não que ainda ando ao som da banda sonora de Alex.

cinemas

Esta coisa dos natais deixa-me um sentimentalão. Agora dei por mim a pensar que gostava de voltar a ver "Os amigos de Alex".

domingo, dezembro 24, 2006

A Tufas na casinha que lhe arranjamos para este Inverno. Está linda, o pêlo aclarou mas continua com aquela "carinha de parva" que nos conquistou. Fez dez meses no dia quinze.

cantos, momentos



... sem metáfora alguma, uma vida.

Cheers!

sábado, dezembro 23, 2006

mau mau...

sexta-feira, dezembro 22, 2006

É hoje

Feliz Natal!


A todos, todos! Umas festas óptimas e com... prendinhas, 'tá claro!

post miserabilista*

Acho que é a primeira vez que saí duma casa comercial envergonhado, que fui às compras e regressei com a sensação de carga a mais.
:-(
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* miserabilismo (Lat. miserabili), s. m. estado de miserável; tendência artística para a representação dos aspectos mais miseráveis da vida social; (por ext.) descrição sórdida e mesquinha da miséria e da gente humilde; espírito pobre, mesquinho, sórdido.
in Dicionário Universal da Língua Portuguesa, Texto Editora

isto está a correr mal, ó patrício...



Ao que me lembre só na Toro Rosso ainda há lugares para correr e nos pilotos de testes já poucos há, dos "que valem a pena" - veja-se o 'outro espanhol' este ano...

Os €uros alemães não são exactamente iguais aos lusos e isso conta, ó lá se conta...


(foto daqui)

lidos este ano - II

Bem, vou despachar os ‘lidos do ano’ antes do dito finar-se. À obra, não sem antes fazer uma confissão pela dor de consciência de, ao reler o post, também achar ‘fruta a mais', mais a mais sabendo que faltava esta 2ª parte: há ali livros a que fiz uma leitura transversal, por fastio ou desencanto, por ficar guloso com outro que entretanto me apareceu às mãos e me prometia mais emoções: houve os que foram ficando para baixo no montinho da mesa-de-cabeceira e nos transbordos que se fazem para o montinho não virar montão escandaloso, insultuoso, recolheram às estantes – mas não estão esquecidos e, de todos incluindo esses, tenho uma ideia muito nítida do que tratam, e como o tratam. Quem-casa-com-quem ou de como se urde um revisionismo histórico em linguagem melífluas, isso são pormenores reduzidos a essa memorização por maior força de não me conseguirem captar convenientemente o interesse; sou um gajo esquisito nas leituras até porque, como daqui resulta, há sempre muito para ler e o tempo é o que é.

Então vamos: no post desta madrugada mencionei o Bilhete de Identidade de Maria Filomena Mónica, e deixei o meu aplauso e ciúme pelos livros de memórias escritos assim. Tomates, está tudo dito e é ‘fruta’ mais de que com época, é ‘fruta’ que quando assim de peso causa sempre admiração: o meu machismo em nada me impede de dizer que há Mulheres com uns tomates do caraças e ainda bem que também há Homens com eles. Adiante a este, portanto, e olho para o montito que pus em cima da secretária:

Logo em cima e para não me esquecer, uma releitura: Lisboa - livro de bordo, de José Cardoso Pires. Eu nasci em Lisboa mas não a conheço. Lá nasci e com semana e meia rumei à Covilhã, de lá abalei a rasar os sete e, só aos vinte anos, regressei de Lourenço Marques e vivi à volta dum ano em Lisboa, ano 76 e picos de 77, pelo que nem conheço a antiga (nem a moderna, já agora…) cidade, mas bastando este sentimento certificado e em cédula, e o muito que vivi no tal ano do ‘retorno’ mais o que hoje me dá em alternativa "à vidinha", para saber que gosto muito dela. Pois aí, no contá-la aos leigos, o Mestre Zé foi um Senhor.
E, como me lembrava disso e também porque o chato do ALA anda a chagar-nos para ler-mos mais José Cardoso Pires, achando que há por lá muito que não se reparou bem, fui-me a ele. Tenho duas versões, uma em capa dura e com gravuras e uma edição de bolso, daquelas fininhas que cabem bem num bolsito qualquer, na capa azul uma nau em pedra, olhando-nos de esguelha sobre o cavalo e o cavaleiro, quixotescos de coisas boas, notando que lhe faltam os corvos, esses de quem JCP de tanto conta, mais a mim que só me lembro de vê-los no jardim do Castelo de S. Jorge.

E agora vamos aos Paul Auster. Primeiro a dizer que gosto muito dele, acho que é gajo como eu e, sentado no seu cantinho em Brooklyn tem matéria para escrever duas vidas inteiras, voltas ao carrossel e ao quarteirão incluídos. Depois há aquela coisa simpática de volta não volta vir até cá, não só para dizer-nos coisas bonitas e olhar o ‘exotic’ mas para trabalhar nas suas artes, cinema e escrita, criar. Sabe bem ao ego quem nos diga que há cá cantitos onde se suspira de alívio, ao que se vem e donde vimos. Assim O caderno vermelho e As loucuras de Brooklyn passaram em visto, com agrado.
Já agora conto que em ‘feira’ recente, onde perdi a carteira por ter perdido a cabeça e, já com um peso excessivo nos braços ter concluído que não era capaz de abdicar de nenhuma das escolhas sem choro compulsivo, entraram em linha de espera, do Paul Auster, um atractivo “A história da minha máquina de escrever” e “A noite do oráculo”, mas estão sem prioridades especiais pois trouxe tanta coisa boa que, já salivo, terei gozos de louco nos próximos tempos. Juntei aos que estavam em leitura um de História que me anda a namorar sempre que posso. Talvez um dia escreva sobre isso, pois gosto de História por razões que merecem ser contadas e, também, pela forma como me foi dado o 12º ano em aulas nocturnas já com os trinta a deslizarem para os quarenta, dada a tal falta dum ano entre o ensino antigo e o moderno quando quis voltar a estudar. Professor Martinho, o nome dele, os Annales, os outros culpados. Daí ainda li sobre outras escolas históricas, os chatos dos ingleses incluídos, mas este de História contrafactual, em título "História Virtual", até é duma equipa de historiados ingleses, coordenada por outro inglês que não é nenhum general reformado (lembram-se de “A 3ª Guerra Mundial”, esse gag lido dez anos depois?) nem um Harris de ‘engraçado’ “Fatherland”. Recomendo a quem gosta do tema e de por a cabeça a fazer contas em muitas folhas que, lê-se e fica-se a matutar, podiam ter sido coladas só com cuspo.

Já a deveria ter referido no primeiro post, e disso tive logo consciência quando com ela troquei recente e-correspondência e me lembrei de como tinha gostado do seu livro. Chama-se O Mar que toca em ti e relata o seu regresso a Pemba, ex-Porto Amélia e uma das baías mais lindas que há – contam todos que a conhecem e não eu, pois a minha motorizada nunca chegou a tanto, tão longe e tão pouco tempo independente que tive. Logo no primeiro mail que lhe enviei após tê-lo terminado disse-lhe, mais ou menos assim, que este era o livro que eu um dia gostaria de escrever, quando (se...) voltar a Maputo, a minha velha Lourenço Marques. Sei lá se choque duro demais ou só emoção. Mas indiferença é que não, nunca. E a Inez Andrade Paes conta, escrito com suavidade mas também com os sentimentos à flor dos dedos, conta e enleva-nos nas belezas que transmite pois, se o seu olhar vagueou tão terno e doce no olhar em volta, às memórias, não estão fechados mas sim indulgentes, tais como os duma irmã para com os irmãos, um corpo animal que, lá e de repente, sentiu que era ali que pertencia, “regressara”. Um daqueles livros que se fecham com o olhar perdido e um sorriso.

Quando estive uma semana em Espanha, Punta Umbría (alguns posts aí para baixo, sem links), foi o barmen a quem dava ‘secas’ sempre que podia, uma tarde e duas cervejas em que com ele praticava os livros e o espanholês, que me deu a dica e recomendou. Falou-me no Arturo-Pérez Reverte, e no seu Capitão Alatriste. Isto a propósito de, então, como andava a saltitar diariamente os jornais espanhóis à procura de tudo o que não sabia, ter-lhe dito que, em muito contrário ao que esperava, estava a gostar mais das crónicas do Reverte (no “El Mundo”) que das da minha muito admirada Rosa Montero (“El País”), mãe daquele portento chamado “A Louca da Casa”, santinha dos meus santinhos desde que o li. Vim a encontrá-lo por cá, até penso que em gesto agradável da ASA para comigo e todos os que se encantaram com ele, ela providenciou logo a sua tradução e edição após um assopro internacional num hotel de quatro estrelas à beira de águas, águas que mal frequentei pois tinha muito mais que fazer, ver, saber, e tentar escrevê-lo.
Caramba, leiam-no! Todos os que leram “Os 3 Mosqueteiros” e o “Vinte anos depois”, até um cheirinho a “O conde de Monte-Cristo” devem lê-lo, eu senti-me como com os meus dez anos, feliz e empolgado com as aventuras. Deste, "Monte Cristo", e duma ligação curiosa entre o personagem ‘abade Faria’ – que existiu realmente, missionário na Índia, e um amigo que aqui vive e que contou-me ainda ter uma ligeira descendência do abade Faria, contarei um dia. Ele residiu em Moçambique, ou no Chimoio ou em Tete.
O capitão Alatriste é uma figura, e naquele estilo e com uma fluência e musicalidade muito raras, Reverte escreveu verdadeiras páginas de encantar. Por isso e em linha de espera, dele, estão agora mais três, um deles vindo da tal feira da minha desgraça.

Agora tenho um Malraux na mão mas sei que não é este que quero referir. Acontece que este é dos tais que ainda não está lido e, suspeito, vai ter de esperar um bom bocado; o outro chamara-me a atenção por ser acerca dum tema actual e preocupante, os fundamentalismos, as diferenças e os choques entre, principalmente, cristianismo e islamismo, dois profetas do mesmo, tantos fiéis contradizendo-se, tantas costas voltadas. Mas não o encontro, é dos fininhos e não lhe vejo a lombada em lado nenhum nem está no cantito que, um pouco idealmente pois isto é uma feira da ladra em má organização, lhe estaria destinado para assistência a longas sestas e estações.
Como reparo de leitura dizer que trinta ou quarenta anos depois Malraux não podia ter as mesmas palavras, aquele ‘discurso’ é histórico à época, como ensino de que nem as mentes mais curiosas e intelectualmente preparadas podem acreditar que o futuro deixa sempre pistas no passado suficientemente visíveis e explicáveis para se conjurar sobre hipóteses, nada mais que coisas vagas, o amanhã não tem cores antes de acordar. Mas li-o e nem me lembro do nome e não sei onde está.

O Kapka é o que foi. Ler com dezoito, vinte, vinte e picos as suas obras fundamentais, mais tarde num voltita pelo teatro interessar-me até pela versão para palco de “O Processo”, book emprestado pelo Bento Martins que era o encenador do Grupo de Teatro de Carnide mas que, soube mais tarde e após anos sem nos voltarmos a encontrar, tinha falecido. Assim estava cá e herdei-o, mas isto não é sobre direitos de usucapião, é sobre o lido: do Kapfa entraram dois que não conhecia, O Fogueiro, conto, e Reflexões. Acho que os compro muito por fidelidade ao bem que me deram, hoje não lhe dou o valor igual ao que fora para o meu gosto. Isto é matéria, também, cheira-me, daquela que o próprio Kafka qui-la destruída quando morresse, mas que o testamenteiro decidiu guardar e cá se vai lendo, há coisas bem piores e daquela cabeça podia ter saído mais alguma coisa como as outras metamorfoses, castelos e processos, américa incluída. Não foi o caso, arquive-se.

De Almeirim e arredores foram três: do meu vizinho profº Eurico Henriques, angolano de nascimento e grande impulsionador da associação de defesa do património local, Coisas Urgentes - Almeirim 1920, um levantamento histórico sobre a vida social e económica (principalmente estas, e puxadas e bem tratadas com estão dão para tudo…) de Almeirim nos começos do século XX. É um privilégio saber-se mais sobre locais que nos adoptaram e nós adoptamos com o reconhecimento de nos interessarmos pelo seu passado.
Mais memorialista e com muita documentação fotográfica e de cópia de documentos históricos como são, a exemplo, um cartaz dum espectáculo ou uma escritura de constituição dum grupo desportivo ou duma sociedade que se propõe construir e explorar o primeiro (e único, até ao momento e não lhe vejo futuro para mais algum…) cine-teatro local. Ou um bilhete dum espectáculo, ou um recibo de jorna ou uma factura comercial. Falo do Foi isto Almeirim, de Ulisses Pina Ferreira, um belíssimo retrato desta vila em tempos em que a pipas de vinho e os ranchos eram uma realidade, havia carroças e a banda marcial e a dos bombeiros competiam entre si várias vezes ao ano, não agora que a segunda desapareceu e a primeira só sai à rua em dias de festa, e não é em todos.
O terceiro: Tudo poderia ter sido diferente, de Appio Cláudio, que não conhecia mas fui ao lançamento, na cafetaria-livraria “Copo com texto”, de cá. Fiquei com uma ideia de que será de Vale de Cavalos ou Chamusca, aqui perto. Bem, é dos tais que teve de ceder lugar. Em forma de conversa romanceada com o leitor vai desfiando pensamentos e pensamentos, reflexões que se adensam e deixaram-me a suar e a deitar vapores por excesso de rotação: já não tenho idade para isto. Ou ainda não a tenho, um dia descobrirei e eu sei onde o guardei, e pode ser que então tudo possa vir a ser realmente diferente.

Amélie Nothomb: este ano foi o Temor e Tremor, que se sucedeu a um que reputei de estupendo mas ainda não repetido, “Higiene do assassino”, depois outro em que me deixa a pedir por mais, “Metafísica dos tubos”, agora a sua saga no Japão contada nos sentimentos da primeira pessoa via memórias romanceadas da aprendizagem das diferenças culturais. Aprovado, venha mais que para ela continuo de bolso aberto, não é como a Marie Darrieussecq (ligação: francesas, escrevem) que após o extraordinário e perturbante “Estanhos Perfumes” (há post aí por baixo, algures) deu-me secas como “O bebé” e “O nascimento dos fantasmas”; tenho-lhe a loja fechada até haver zum-zum que mereça nova tentativa, a bola está do campo dela e é ela que tem de fazer a jogada que lhe permita recuperar, num jogo em que está a perder: não há tempo para ler tudo, e há os que se lixam.

É dos tais que vem ‘colado’ às revistas mas foi com agrado que paguei o suplemento para trazê-lo: as crónicas do Ricardo Araújo Pereira na “Visão”, de nome Boca do Inferno. São as tais que, na revista, têm umas frases passadas com o marcador amarelo, provocação que tem a sua piada suplementar na crítica que permite às opções do pintor. Umas já conhecidas, outras que tinham escapado: é um livro de crónicas, cada duas páginas é uma estória isolada e, desses, nunca se pode temer que a paragem na sua leitura prejudique alguma coisa.

Agora outro livro-documento acerca da nossa história recente, Abril sempre Abril. Abril que mal vivi como ele é tão falado e, razão avulsa, de que preciso mais de saber, documentar. Em forma de entrevista Melo Antunes a conversar com Maria Manuela Cruzeiro, nas minhas mãos Melo Antunes o sonhador pragmático, adquirido via meu recente reingresso no Círculo de Leitores após uns sete anos de dieta, ainda com adiposidades espalhadas por tudo o que é canto: tenho Stephen King em excesso e a série dos “tommycrooker’s” é uma seca, já por exemplo gostei de “O jogo de Gerald” e “Rose Madder” mas levei com “Misery” & companhia em cima, ao enjoo. E outros, mas não quero falar mais nisso.
Bem, Melo Antunes. Tal como os de Costa Gomes, Otelo ou Mário Soares, todos, as memórias de todos os que fizeram a Revolução. Os testemunhos pessoais dos protagonistas são ainda o melhor dos documentos pois permitem captar as emoções, adn das decisões e destas se faz história. Um livro-documento é sempre uma óptima aquisição pois nunca acaba e se arruma, é de consulta e tem de estar à mão.

Agora dois que me foram muito marcantes, e encerro a conta nem que me lembre de mais algum: os irmãos moçambicanos Dinis e António Carneiro Gonçalves, aquele conhecido literariamente por ‘Sebastião Alba’, poeta, este jornalista de eleição que morreu jovem em acidente rodoviário na zona da Manhiça, Moçambique, quando vinha para LM apanhar o avião para Lisboa, e para chefe-de-redacção do então estrondosa sensação na metrópole, o novo semanário “Expresso”. Foi no princípio de 74. Nem viu a revolução por que tanto lutara com caneta molhada em coragem, nem a sua sagração profissional e que tanto o seu valor merecia. Ambos livros póstumos, adivinho amigos empenhando-se para deixar legados de quem não teve tempo ou fortuna para os deixar a todos. A escrita de Antom, que aflorei num post anterior e que já não sei onde está para lhe meter link, e Albas, este com uma documentação fotográfica no final que muito me impressionou, além do relato pelo próprio e por quem o ia vendo e sentindo, dos últimos tempos, eremita impressionante (assustei-me, confesso).
Do “Antom” tenho um pormenor engraçado: tratando-se de recolha das crónicas que foi semeando pelos jornais onde passava, e atento como era à causa cultural, não raro escrevia e desancava nessa área, via “vernissages” ou aparentadas a que ia, e recordo a sova que deu no Cartaxo e Trindade, coisa que aqui na família ainda deu risota quando recordado via este livro. Mas não é esse o episódio. A folhas tantas, já na última fase em que estava no “Notícias da Beira”, faz uma crítica a um livro de poesia dum jovem e novo autor, e já estou mesmo a adivinhar o cronista em fecho de edição e sem nada de jeito capaz, a pegar no livro mais à mão e a resmungar entre dentes: “é este, tu desculpa lá pá mas vais ter de ser tu a pagá-las, sorry…”. E bumba: desanca no primeiro livrinho do meu amigo Jorge Viegas que é uma gargalhada do princípio ao fim - hoje, quarenta anos depois. Como na altura em que o li eu e ele, Jorge, encontramo-nos para uma sessão cultural sobre África no cine-teatro Sá da Bandeira, em Santarém, nesta vida de jograis literários de que de vez em quando se veste a farda, eu falo-lhe no livro e na crónica, deliciado com a cara de espanto dele pois ainda não sabia nem do livro nem que a esquecida crónica demolidora saíra do túmulo, uma vida depois... rimo-nos a bom rir e lá foi o bom do Jorge em busca do livro para guardar aquela pérola do seu passado.
Por falar em livros de poesia: na tal compra-maluca trouxe dois que se estão a mostrar imperdíveis: a recolha “2001-2005” de meu novo "vizinho" (soube-o pelos jornais, pelos jornais…) Vasco Graça Moura, que trouxe ‘toneladas’ de livros para Almeirim, o que é sempre uma óptima notícia e dá-me um conforto do caraças (ainda lhe hei-de perguntar – por aqui - a que se deve aquela fixação com as panteras, achei piada), e outro com uma recolha de Tolentino de Mendonça, que mal conhecia e de que estou igualmente a gostar muito. Poesia da boa é outra louça, é mesmo.

E está feito, foi um bom ano. E este que vem promete, só pelo que aqui tenho já engatilhado. Não fecha sem reparar que não li um único livro de Direito este ano. E se calhar no outro também, veremos no que agora virá.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

o Criador e a Criatura

Há momentos em que me sinto no blogue como um chefe-de-redacção de jornal das '9 às 5'. Agora a página cultural, depois as notícias e não esquecer as polémicas que atraiam leitores, os 'hits' e a "secção para homens" com impossíveis sonhos em quatro rodas e, houvesse habilidade para isso não faltaria um mui inteligente sudoku. Nem com suplementos a cores se safava, pasquim fazes pasquim serás.
Há quanto tempo este blogue não fala em mim? que é isso, companheiro? reservas, agora? pudores ou medos? crises de identidade; o duelo do Criador e da Criatura, ele temeroso das pródigas inconfidências dela, o primitivo pavor de mostrar antes de o ser, ela arrojada e pouco prudente no pensar alto, pior ainda no sonhá-las.
Há muito muito tempo atrás, quase noutro tempo-outra vida, encavalitei três pedrinhas em cima umas das outras, que se aguentarem e não caíram e julguei-a torre, eu castelão senhor de férteis regadios que colheriam abastança, fortuna, pib acelerado e muita, muita fama, mercê arado afiado que escreveria sem parar. plof. Fui sineiro da torre e bramei aos fiéis que acorressem à précita diária, vigiei-lhes presenças e ausências em sitemeters e outras coisas tais. Fui tolo, tão tolo que hoje sou chefe-de-redacção dum magazine de fait-divers com mais sobras que consumos, enfadonho 'das 9 às 5' - e se assim falo de mim que dizer dos resistentes ou do ar de espanto de quem vira a esquina e dá com terras assim áridas do que vale e presta, ausente, fugido o oxigénio e eu sei porquê: por medo, tanto medo de mim.
Calimero. Soa, não é? cada qual faz a cama em que se deita, não há avó que não o diga mesmo que o seu querido neto seja bloguista ou chefe-de-redacção. Eu até acho que sei o que falta, o que se perdeu após a tal torre das três pedrinhas ter ruído e deixado os calhaus espalhados por tudo o que é post à vista: tomates. Ando a ler "O Livro do Meio" de Maria Velho da Costa &, li há tempos o "Bilhete de Identidade" de Maria Filomena Mónica (esqueci-me de arrolá-lo na "lista do ano", fica agora), noutros tempos noutras idades li Kafka odiando o pai, Mastroianni confessando que sim, vivi, "sim, bem me lembro" ou título que o valha, e em todos estes ou outros livros onde o suporte é a memória há uma constante que torna sedutora a sua leitura: o dessasombro, o destemor, o implacável olhar sobre os outros e de si mesmo: tomates, senhores, esse vegetal que salada a escrita e torna-a nutritiva, cobiçada refeição recomendada aos doentes de tédio e outros seres de livraria, onde se perdoam pormenores de estilo pois é a substância alimentar que conta, farta e rica, não o berloque que remata a escrita e faz suspirar os amantes de Florbela, o ágil flic-flac erudito que salga desertos com citações-monumento. Fui-me, não me vim, plof.
São, agora, umas uma e vinte da madrugada. Está frio, contam e sinto que o rigor está aí, espreita e veio para ficar. Hoje, ao longo de todo o dia útil espreitei-o uma dúzia de vezes, olho a Criatura com ódio mas mantenho uma fixação nela como se fosse única jangada em tanto mar, tanto frio. Esteve para ser mas não foi, ficou-se nas meias-tintas e olho e estou apeado, eu condutor eu chefe-de-redacção dum jornal que faço mas que não é o que gostava de ter, ler para ser lido. Calimero, outra vez: fá-lo.
Sempre detestei espartilhos, horários fixos e disciplinas de trabalho. Sempre me defendi com argumentos tipo 'os resultados é que são fundamentais', e a vidinha de cada um é cada um que a gere. O '9 às 5' horroriza-me pois assassina a parte potencialmente útil do tempo que sobra, tal a necessidade de esquecer a violência intelectual de, das nove às cinco, não viver - e isto não é uma metáfora: alugando em exclusividade o meu cérebro mato a sua capacidade de me acariciar, de criar, artista masturbador que sou.
Numa certa vez, há muito muito tempo atrás, eu criei um blogue. Num tempo antes do sitemeter, antes de fazer dele horário e fustração. Era prazer. Era também a reconstrução de mim que, então, tanto dela carecia. Livre, solto, sem espartilhos e sem medos contei de mim e das minhas memórias, revisitei-me com espanto diário ao descobrir que, afinal, eu fora rico em ter vivido e possuído tanta pequena coisa que a lupa do tempo mostrou noutra dimensão, bela. Sem medo de contá-las, partilhá-las. Era prazer. E veio outro e outro. Mas se o primeiro foi no tal tempo antes do sitemeter (antes de fazer dele horário e senti-lo fustração), com a profissionalização feneceu a frescura e nasceram o horário e a missão de chefe-de-redacção, 'das 9 às 5'. As três pedrinhas ruíram e veio o vazio, profético, espelho onde estão só sombras, sombras e lê-se plof.
Hoje, que fazer à Criatura? gritei berrei e chorei pelo "não" à IVG por amuo, não faço a sua variante blogueira pois reconheço alguma verdade à crítica calimérica. (agora são 2:14, e eu nisto...) Eis! eis que num apontamento de margem vem a solução dos irresponsáveis, o adiar de conclusões e o conselho-amigo de dormir sobre o assunto pois em milagre durante a noite dos justos e dos injustos aparecerá a fada-madrinha e tudo resolverá: amanhã é outro dia, fórmula mágica que tudo adia e nada decide nem resolve (este post, que teve momentos em que se mostrou prometedor, descambou. medos. também horários - a pecha existe e não vale a pena enganar-me mais: amanhã há horários para não vir aqui, e é necessário dormir sobre o assunto. talvez um dia isto resurja como memória, dourada pelo tempo que lava e ajuda a tinta que a conta e escreve)
Até amanhã, das nove às cinco, pena por cumprir, minha outra que não escreve nem diz do lamento de não poder fazê-lo assim, livre, como me julguei e acreditei durante demasiado tempo, já agora só mais umas horas enquanto vou 'dormir sobre o assunto'. 2:28. Nestes números nestas letras deverá ler-se "está tudo dito", ou quase.
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Adenda: este post tem um pedido de desculpas aqui.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Delmar


Tinha-o dito algures neste lençol e cumpriu-se: o poeta moçambicano Delmar Maia Gonçalves lançou na última sexta-feira o seu novo livro, de regresso à chancela 'Editorial Minerva' após incursão (no 3º) pela cooperativa MIC, "Mestiço de Corpo Inteiro".

Só me chegou hoje à mão, com dedicatória amiga e tudo, pois no grande dia não pude lá estar.
Dele retiro três poemas:

"Mestiçagem"

Somos resultado de uma adição.
Quando subtraímos esquecemo-nos
que antes houvera adição.

Não nos podemos dividir mais,
porque somos resultado
da multiplicação
que resulta em humanidade.

Feitas as contas
a adição só enriquece
não empobrece.

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"Verso da Esperança"

Sou um verso
Disparado por brancos e negros
na estrofe da vida.
Sou uma esperança chegada.
Sou uma promessa adiada.

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"O Enigma" (*)

Sou negro
para os brancos
e branco
para os negros,
mas sou um mestiço!

E mesmo como mestiço
sou um paradoxo
um enigma!

Não sei se sou
um mestiço negro ou mestiço branco
se sou mais negro
ou mais branco.
Sei somente
que sou um mestiço
um mestiço de negro
e branco
um mestiço de corpo
inteiro
uma adição de negro
e branco!

(*) que já se conhecia de livro anterior

terça-feira, dezembro 19, 2006

Carro do Ano 2006

Como é usual nestas coisas, "a escolha foi difícil".
O meu voto vai para o Alfa Romeo 8C Competizione. Neste género, em que lado-a-lado estejam carros desportivos e 'meios de transporte', o meu coração não hesita pois ele sabe o que mais ama: a beleza é aí um valor superior à racionalidade. E o 'Alfa 8C' é belo, sedutor.
Mesmo assim havia mais candidatos, outras belezas... A minha escolha cimentou-se pelo regresso desta velha dama italiana a salões de baile que os seus pés já não conheciam há tempo excessivo, aqueles onde se reflectem os trilhos deixados pelas máquinas exclusivas. São eles que estarão nos melhores lugares dos museus de amanhã.
Bem-vinda neste regresso ao lugar que também já foi teu, Alfa Romeo.
(foto - clicando amplia - gamada aqui, onde há muitas mais do mesmo para ver e babarmo-nos...)

segunda-feira, dezembro 18, 2006

"a saia da Carolina"


Via Estrada Poeirenta chego a esta irónica, demolidora e deliciosa crónica do Luís Patraquim sobre o best-seller de que se fala, já ganhador antecipado do afamado concurso "Apito Dourado 2006": o celebérrimo e aplaudido primeiro arroto literário da noviça e prometedora Carolina Salgado, púdica e singelamente chamado por seu nome próprio, "eu, Carolina".
E, ao que sei por jornal de hoje, terá capas e badanas de saga: o "II" já está no prelo e já saliva o Mundo Português: o céu de Estocolmo está novamente à vista.~
Gargalhem comigo, cusquem lá! Boa, "Patracas"!
(imagem do "Nobel Prize" daqui.)

domingo, dezembro 17, 2006

sobre o Natal

Por ela, mas noutro local, chego a este post do Sorumbático do Carlos Pinto Coelho (o man do finado ex-Acontece da RTP2)
não me importava de assinar este...

carros de chuis - I


Lamborghini Murciélago LP 640, polícia de Londres.
(já não me lembro onde gamei a imagem, mas julgo ter sido neste site)

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Sobre... - VII

(extraído duma 'discussão' sobre o tema num Grupo MSN)
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"... en passant sobre a mensagem do Z.M., só pela razão de não confiar a mínima em 'sondagens' e 'amostragens', onde concluem-se certos números avançados como fiáveis. A exemplo, o número de abortos clandestinos praticados em Portugal que, de repente, saltaram duns até agora mais ou menos consensuais 11.000/ano para estes últimos números, estarrecedores e de fazer chorar as pedras da calçada, trinta mil... Entendam-se. Até lá dou de barato e não confio em 'amostragens'.

Sobre o "início da vida", e como referi logo à entrada da minha participação na discussão da legalização/descriminalização do aborto, não me meto por aí pois é terreno movediço demais, principalmente para um peso-pesado como eu que, não tendo nem aspirando a asas de anjo e já careca de ver as verdades científicas de ontem serem hoje desmentidas, aí enterrava-me irremediavelmente. Por aí não discuto, só observo, num misto entre o temeroso e o indiferente pois outra posição não me é possível quando entram em liça argumentos de fé religiosa ou pretensas verdades científicas. A Lei diz que o ser humano adquire personalidade jurídica ao nascer e acho esta posição legal absolutamente prudente: não exclui que o ser humano já existe antes do seu parto - desde quando? pois é... - mas só lhe confere posição e direitos consentâneos com a "vida independente" quando abandona a posição de feto e passa a, entre outras coisas, alimentar-se e respirar 'por conta própria' - passe o exagero.

Já a reflexão que avança que só as mulheres deveriam votar neste assunto tão.... "feminino"... essa deixa-me (outra!) num misto de repúdio e de profunda maturação intelectual. O argumento deixa-me sempre confuso. Por um lado assiste-lhe a razão lógica e natural de serem 'elas' que transportam o feto até ao nascimento, e, por vocação animal e tradição cultural lhe asseguram os cuidados primários de sobrevivência após o nascimento, até mais além da óbvia amamentação.
Por outro há o meu velho complexo de macho que refila e reclama por, a exemplo na lei em vigor e na projectada em discussão, a sua opinião ser desvalorizada e até ignorada, reduzindo-o(-me) ao, então, incómodo papel de 'macho reprodutor', uma espécie de barrasco que após ter cumprido o seu papel inseminador é levado de volta ao curro e nada mais risca no assunto. É desagradável, roça o ofensivo.
O sexo humano é essencialmente um acto de amor entre dois seres, o macho e a fêmea. Há cio mas também há sentimentos. Para decidir sobre o destino irreparável do ocasional fruto desse acto de amor uma das partes é liminarmente afastada. Como se ela não pudesse nutrir sentimentos especiais sobre esse gérmen de vida, um 'feto' que, tudo a correr naturalmente bem e de acordo com leis animais naturais, daí a meses ele o olhará e chamará de seu filho. Isso não conta para nada nessa tal posição de exclusivamente a fêmea grávida decidir, de só as mulheres votarem. Isso magoa-me para além da potencial racionalidade do argumento..."
(imagem idem, ibidem)

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Cidadania


Sobre o post anterior, lá, (aqui), estiquei mais um pouco o lençol. Alguém que leia e já valeu a pena.
adenda: transcrevo a intervenção para aqui com pequenas correções:
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O meu voto ainda não está decidido a 100%, embora confesse que estou mais inclinado para marcar a cruz no 'não'. Porquê? tentarei ser sucinto pois ando desgastado com tanta palermice e demagogia que tenho ouvido/lido - de ambos os lados em liça.
Em prévio informo que não discuto tal tema sob fundamentos religiosos ou razões científicas pois, sapateiro que sou não subo além do joelho: não discuto quando 'se inicia a vida' no feto, não piso tal pantanal.

Em primeiro lugar a pergunta aprovada pelos venerandos é manipuladora e demagógica, uma "habilidade tuga" das tais que já enjoam, um xico-espertismo igual aos tantos que tornaram o dia-a-dia penoso para quem se preocupa mais além do "ir-se safando também".
Haverá porventura alguma besta que não seja a favor da despenalização da mulher que aborta? isso, esse voto 'sim' induzido, é porém um dois-em-um: ao votar-se pela despenalização está-se implicitamente a votar encapotadamente 'sim' à prática de abortos por pedido, à legalização da irresponsabilidade. Abortar não é um contraceptivo. Abortar não é decidir se isto ou aquilo. Abortar é sempre trágico, decorre da sua essência. Deixar tal decisão ao livre arbítrio dos humores é negar valores culturais que são o húmus do mundo em que crescemos e nos formamos.

Depois há a descarada manipulação das alegadas discrepâncias com outras legislações europeias, e vem sempre à liça, ao chinfrim, a fronteiriça Badajoz. Ora é pacífico que a legislação espanhola é posterior à nossa, vigente, e, mais, é cópia dela com pequenas alterações: 'visto' de um médico em vez de dois, maior relevância a alegados factores de instabilidade psíquica da grávida perante a gravidez sub judice. Ok, chegou então a hora de sermos nós a actualizarmo-nos por eles, afinal não é a substância, o núcleo, que está em causa, mas sim o que, em ligeireza, se poderão chamar de pormenores. Lê-se, sabe-se, que em Portugal há clínicas que fazem a IVG legalmente: muito recentemente esteve na berra noticiosa uma da zona centro (Oiã, se não laboro em erro) que fará entre quinhentos e seiscentos actos médicos de IVG por ano. Só que, por cá e muito felizmente, não há a feroz campanha publicitária que lá, noutro mercado com outra dimensão e outra concorrência, se assiste. Ou seja, e repetindo-me com uma frase que utilizei ontem no post de ontem, "as modas pagam-se e só vai a Badajoz quem quer, ou quer comprar caramelos". E pagam-se porque, assumido publicamente, na tal clínica de Oiã uma IVG fica entre 450 e 500 euros e lá na raia espanhola os valores são outros, tal como é outra a qualidade de vida e a massa salarial. Óbvio, e só não vê quem não quer ou se quer fazer de distraído.

A questão judicial. De todas talvez a que recebe no colo as maiores bolçadas demagógicas. Primeiro: todas as mulheres que responderam em inquérito judicial por aborto provocado fizeram-no com fetos de MAIS de dez semanas; segundo: não há memória nem registo de ser-lhes decretada alguma pena de prisão efectiva - foi-o sim não a elas mas a (poucos) casos de abortadeiras, as sanguessugas que dele fazem negócio, sem licença ou condições; terceiro: a vingar a tese do 'sim', de facto e de jure nada mudará neste campo: todos os abortos de "dez semanas e um dia", sem aval médico, manter-se-ão criminalizados e a alegada infâmia dos trâmites judiciais manter-se-á. Porquê então o berreiro?

Quarto: a diarreia legislativa e legisferadora, esta nossa muito péssima lusa tendência de regulamentar em excesso, chegando-se ao ponto de regulamentar o regulamento, no fundo e na prática tantas vezes inviabilizando a eficácia das Leis. No caso, a diarreia, a vencer, irá produzir um nado morto, um aborto. Senão vejamos. O SNS rebenta pelas costuras com as suas necessidades naturais, o atendimento de urgências médicas e de doenças naturais: sabe-se que as suas filas são tantas vezes mais longas que as doenças que era suposto suavizarem, quiçá tratarem e extinguirem. Nem a curto nem sequer a médio prazo haverá condições na rede do SNS de atender "abortos a pedido" pela razão do prazo que a lei referendada concede: dois meses e meio de gravidez como patamar máximo. Uma mulher sabe normalmente que está grávida cerca de um mês depois de se ter iniciado a gestação do feto: restar-lhe-á mês e meio, máximo dois meses, para superar toda a inerente burocracia que é apanágio e razão de ser dos serviços de Estado, as indispensáveis consultas e exames médicos, o aval especializado para viabilizar o acto de IVG, conseguirem-se datas vagas, etc, etc, um longo etc. Quem acredita que isto funcionará? eu não.
Acresce e agrava que os blocos de partos estão a ser extintos nas redes hospitalares distritais, nas regiões onde a estatística demográfica assim aconselha. Uma IVG não é tratar uma constipação, é um acto médico-cirúrgico que requer especialização, e não é um 'joão semana' ou um otorrinolaringologista que o faz.
Quer-se legislar o na prática inviável, só para se parecer "moderno" à letra da lei. Coitada dela, assim tão mal tratada, mais uma condenada a pairar no limbo dos corredores onde habitam mais que as Leis Extravagantes - que essas existiram e eram úteis - as inúteis, as Leis-Fantasmas, produto da diarreia legisferante e da fúria legisladora, bibelôts sem utilidade prática mas que, infelizmente, têm os seus adeptos entre os tantos e tantas para quem o parecer é mais importante que o ser.

E vem o quinto, a minha quinta dúvida: a manipulação política, a instrumentalização das massas a soldo de marketings e necessidades políticas de ocasião. Nem sei se hei-de rir se hei-de chorar quando leio ouço sapientes argumentos pró votação parlamentar da legislação em causa, à revelia do referendo popular. Parece que é conceito bem quisto na ala mais à esquerda do hemiciclo e adjacências, malta que sabe na pele como é duro sujeitar-se ao voto universal. Ora vamos lá raciocinar um pouco... aquando das eleições parlamentares os partidos candidatos dão-nos um menu de intenções repleto e bem aloirado. Isto e aquilo, os impostos e a educação, as relações exteriores e a segurança, a solidariedade social, a saúde e a cultura e, claro, a sua posição sobre a Ota, o TGV e a IVG. Salvo excepções que não conheço ninguém vota no A ou no B em face duma alínea específica do farto cardápio: vota-se pelo global da refeição prometida. Que, também se sabe, nunca é para cumprir em completo e haverá temperos em falta, até alguns azedos e azias inesperados: se alguém não sabia disso muito recentemente o senhor engenheiro-primeiro veio recordá-lo aos esquecidos. Portanto, e por ilação, o voto 'nas legislativas' não confere poderes e não é vinculativo sobre esta matéria em especial, não confere poderes aos deputados para porem e disporem em tal prato. Mas porquê, por que não, se o fazem com os impostos etc e tal? relembro: a discussão sobre o aborto humano é fracturante (não gosto do termo mas lá vai...) em qualquer sociedade filha das liberdades que a revolução francesa nos deu. Não é o IVA, é a Vida. Viu-se há oito anos atrás, e hoje não divergirá em mais que pormenores despiciendos, que a sociedade portuguesa divide-se quase por igual quando confrontada com a questão. Ignorá-lo é má-fé ou cegueira política - isto para os sabem ou pensam, quanto aos mais ou é ingenuidade ou palermice asneirenta de pretensos iluminados. Mais que abuso de direito é abuso político ultrapassar as regras referendárias constitucionalmente espartilhadas - e a Constituição não é só para quando nos dá jeito invocá-la - ou, pior ainda, cozinhar decisões deste jaez sem consulta popular. É por causa destas habilidades pouco habilidosas que S.Bento se assemelha a um cadáver mantido a balões de soro quadrienais.
Há ainda as outras "habilidades", a cosmética das manif's dissimuladas, o hastear das bandeiras do baú para toldar a visão da realidade. Mas aqui assumo que navego sem certeza de rota, divago por intuição e à bolina da desconfiança de quem já bastas vezes praguejou contra mais um engano eleitoral, filho ilegítimo de palpitares de coração a que não se é imune e a pub's e marketings políticos bem urdidos demais para não virem a servir de chip's de memória de desconfiança política futura.
Uma das mais velhas bandeiras da esquerda política é "a luta pelo aborto", em termos simplistas e longe da complexidade do tema - não vale a pena repetir dúvidas e medos e o lençol já está extenso demais. Abreviando: ora que o Povo resmunga berra e esbraceja contra políticas sociais que só oníricamente têm genuínas preocupações de equilíbrio social, em que já não se sabe se foi o Sócrates que votou no Cavaco ou se, primeiro, foi o Cavaco que votou no Sócrates, há que hastear uma bandeira-amiga para relembrar ao povéu ingrato que, afinal, o governo "é de esquerda". Em baixa filosofia política chama-se 'impulso à manada', pois ela reage, investe à cor.
Ora eu não gosto disso, irrita-me, chateia-me. O que eu gosto é de pensar que se vota por razões mais nobres que por 'impulso de manada', que não anda atrás de mim o sr. Pavlov a tocar a campainha e à espera que eu salive ou dance o tango, enfim que vote como ele quer.

E chega, acho. Estou farto até à medula de argumentos insensatos, de demagogia e manipulação grosseira de sondagens e amostragens. Convençam-me sem histeria, chinfrim e palmadinhas nas costas e eu voto 'sim'. Até lá, e com tanta dúvida instalada, inclino a intenção de voto para o 'não'. Ou nem lá ponho os pés - tal a farsa constitucionalmente benzida.
Obrigado a quem teve paciência de ler até aqui. Que tenha sido útil para uma discussão consciente, racional. Se o não foi, as minhas desculpas e a promessa de (me) tentar melhorar.

terça-feira, dezembro 12, 2006

O chinfrim e o arraial

Quando as discussões atingem o grau de arraial tento afastar-me do barulho de fundo, o chinfrim, e busco dados ‘científicos’ que respondam às grandes dúvidas que mantenho. Depois, e quando calha, ainda me perco em frívolos exercícios intelectuais acerca da “política” e suas estratégias. Que as há, sempre: elas é que dizem ao bombo quando deve tocar para o chinfrim.

Leio aqui e ali e procuro principalmente factos e testemunhos fundamentados, científicos, a tal “razão de ciência” que, na barra judicial, desnivela os testemunhos e acrescenta-lhes valor acrescentado quando sobre determinado facto controverso há versões distintas e antagónicas.

Depois e para não ficar mudo cabe perguntar, não vá dar-se o caso de, com o chinfrim, ficar surdo e cego, pouco apto para votar de forma mais digna que em manada. Assim:

- é verdade ou é mentira que nos 1.426 internamentos hospitalares por aborto realizados em 2004 (último ano com estatísticas), 56 se deveram a infecções sendo os restantes 1.370 causados por “aborto incompleto ou retido”, leia-se aborto natural do feto? e, felizmente, sem nenhum caso mortal registado?

- é verdade ou é mentira que todas as mulheres que até hoje tiveram de responder em inquérito judicial tinham abortado com mais de dez semanas de gravidez? e que não há, mais uma vez felizmente, sentenciada uma única pena de prisão entre as mulheres que abortaram? que os únicos casos em que houve prisão efectiva decretada respeitam a “abortadeiras”, as sanguessugas deste ‘negócio’?

- e é verdade ou mentira que, se o “sim” for maioritário no referendo, a pergunta anterior eternizar-se-á, mantendo-se a ameaça de cárcere para os abortos de “dez semanas e um dia”? que, também por aqui, o chinfrim é estéril pois a invocada humilhação do trâmite do processo judicial manter-se-á?

- pergunto ainda se é verdade ou é mentira que a tão invocada legislação espanhola - sendo pacífico que é posterior à portuguesa e dela copiada com alterações mínimas, só é “bandeira” porque, sendo lá o ‘mercado’ maior, as clínicas particulares abriram-se a essa especialização cirúrgica e a publicitam numa agressividade empresarial que, por cá e felizmente, não há?

- que cá, e a exemplo, numa conhecida clínica da região coimbrã, a de Oiã, praticam-se legalmente entre 500 e 600 “IVG’s” anualmente? com preços assumidos publicamente entre 450 e 500 euros por acto médico, um pouco longe dos honorários cobrados pelos nossos vizinhos e hermanos, certamente também parcimoniosos mas adequados à sua realidade salarial? é assim verdade ou não que as modas pagam-se, e vai a Badajoz quem quer, ou quer comprar caramelos?

- é ainda verdade ou é mentira que há consenso entre os profissionais de saúde dos estabelecimentos públicos que, estando este desgraçadamente falido e a rebentar pelas costuras com listas de atendimento que se eternizam mais que muitas das doenças que era suposto tratarem, não haverá nem a curto nem sequer a médio prazo capacidade para atender eficazmente (o tal prazozito das dez semanas…) “abortos a pedido”? com o agravo de os blocos de partos dos hospitais distritais estarem a ser extintos nas zonas em que a estatística demográfica assim o aconselha? e que uma “IVG” não é mudar um penso ou receitar um remédio para a tosse, é uma intervenção cirúrgica especializada avisadamente a não ser feita por um qualquer ‘João Semana’ ou por um conceituado otorrinolaringologista?

Tantas dúvidas... esta é a última: é verdadeito ou é falso acreditar e dizer que as sondagens valem o que deseja quem passa o cheque, e amostragens há para todos os gostos que o cliente cobice?

São dúvidas Senhores, não são rosas…

Mas, falando de rosas, será verdade - ou ando a fumar coisas esquisitas... que o PS-Governo (pois: não há um PS; ou dois: há vários…) precisa, carece, urge, de hastear uma bandeira de vez em quando para lembrar ao Povo que o arraial, afinal, é “de esquerda”? para contrariar a opinião pública, essa empírica e ingrata vox populis, que afirma berra e protesta que na barraca das rifas “só saem duques” todos os dias? e nada há melhor que uma “causa histórica” ressuscitada para por a manada em movimento, o chinfrim?

Viva então o chinfrim. Eu também quero, também gosto de dar uma perninha na dança. Mas, caramba! Podem responder-me por favor?

Antecipadamente grato e sempre atencioso, o vosso

Carlos Gil

(com números médicos e inspiração recolhidos numa crónica de hoje no diário “Público” e assinada por um licenciado em medicina, outros números consultando bases de dados do Ministério da Justiça)

(o meu camarada “confuso” estava aqui)

domingo, dezembro 10, 2006

Sobre... VI




A ler, mais este, e este, este ainda, e finalmente este. Todos do jornal de hoje, O Público. E nem é preciso comprá-lo, está tudo na Internet.

Obrigado por gastarem uns minutos a ler e depois reflectirem, antes de se cair no erro de votar por "uso, costume, tradição e clubismo" que, a ser assim e neste especial caso, seria um voto irresponsavelmente criminoso.


(imagem já antes identificada)

Foi-se


Sem pagar o que devia, responder e penar pelos milhares de assassinatos que, se não os ordenou directamente, aconteceram com o seu beneplácito.
Não, a Justiça não é igual para todos e este nem sequer tinha 'oil', para a puta da geo-estratégia industrial o "justificar"...

directo para Lazio, Roma:



Enrico, tens o e-armazém cheio e já há uma semana a alijar carga!
(a foto, que não é do armazém atascado do caro Enrico, veio daqui)

a pitinha mais bonita de Lourenço Marques & arredores

sábado, dezembro 09, 2006

Lidos este ano - I

Assim de rajada e após algum trabalho a vasculhar lombadas:
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A sombra do Vento, Carlos Ruiz Zafon, muito bom; finalmente o badalado Código da Vinci de Dan Brown, viciante na leitura mas com armadilhas que, a olho nu e agora muito mais, à distância, não são o meu conceito de "boa escrita"; Equador, Miguel Sousa Tavares: a maior surpresa dos últimos tempos pois não esperava ‘tanto’ do MST-cronista, sendo que ‘Sul’ não é um romance e este foi o melhor que li em todo o ano; O outro pé da sereia, Mia Couto, a perder fôlego nas últimas páginas; A Pluma caprichosa – I e Mala de Senhora, Clara Ferreira Alves, aquele o que se sabe e este muito agradável; Algures no tempo, Não eram aves marinhas, O Pelicano Velho e Ao Ritmo da Memória, Glória de Sant’Anna: o primeiro título a melhor poesia lida no ano (ex-aequo com Guita Jr.) e onde realço os poemas dedicados a Eugénio Lisboa e a José Craveirinha, e o conto infantil (O Pelicano velho) simplesmente delicioso, uma prenda perfeita para as crianças reais e para as que ainda moram em nós; a tal edição em catorze volumes da discografia completa de Mário Viegas (organização de José Niza) editada por um diário, sendo que cada cd vem com o livrinho da praxe e por via disso muita da poesia ouvida foi acompanhada da sua leitura, aproveitando para documentar os olhos com imagens históricas e saber mais da vida e arte do Mário Viegas, filho do "dr. Viegas de Santarém", um Senhor e uma Personagem com quem ainda lidei residualmente, de que recordo o bom humor e a naturalidade com que a sua muita cultura brilhava sempre; ainda na poesia folheei muito da Antologia poética de Natália Correia (com org. de Fernando Pinto do Amaral), a saudade de reler alguns poemas e a descoberta de tantos; bastante O’Neill, por aqui e por ali mas sendo ano em que o book da sua ‘Obra Completa’ me passou muito tempo na mão, felizmente; "Mon prope drôle II", Serge Gainsbourg: fiquei na mesma de que se não o tivesse comprado.
Uma aposta no escuro que foi Contos Apátridas, com os cujos de Bernardo Atxaga, José Manuel Fajardo, Santiago Gamboa, António Sarabia e Luís Sepúlveda – este o que me fez largar os cinco euros mas a descobrir Gamboa e a pensar que, só aí, encontrei uma de cinquenta; do Sepúlveda também a sua recolha aos ‘Moleskines’ cheios que mergulham nas gavetas em ‘Uma História Suja’, um livro que parece um livro de blogue; dele comecei agora outro, recente, que é igual, outra recolha de crónicas: O Poder dos Sonhos. Comprei Residência na Terra, de Pablo Neruda, por não o conhecer e valer sempre a pena fazê-lo, o Poeta: confirmou-se, principalmente quando lidas em voz alta as páginas ímpares e sente-se a fonética da inabitual poesia da língua espanhola; do ‘grande’ John Grisham despachei O perdão, O último jurado e A Conspiração, e também acho que embora ainda seja o grande mestre do thriller judiciário fez bem em entrar nos terrenos de O Perdão, pois Carré precisa de competição, e ele, Grisham, anda a ficar sem tema no campo onde ganhou fama e fortuna. O melhor livro-documento do ano já é o primeiro volume do Quase Memórias de António Almeida Santos (já o comentei mais ou menos assim em post anterior). Igualmente do género thriller policial e de espionagem, e sem surpresas – está escrito por quem o tema e género não escondem nada, mas, há, sente-se, lê-se nos últimos romances cansaço e dificuldade na mão – veio O Vingador de Frederick Forsyth: banal, lê-lo foi cumprir de calendário; Encontro-te em Moçambique, comprado pelo título e pela curiosidade pois nunca tinha ouvido falar no autor, E. A. Markhan: vou continuar na mesma ignorância, obrigado.
Mais de autores moçambicanos (já falei no Mia): de João Paulo Borges Coelho Setentrião e Meridião, deliciosos muitos dos contos; dele ainda está por arrancar Crónicas da Rua 532.2, já comprado na altura do Verão mas por isto e por aquilo ainda não começado; não conta portanto para o balanço mas espero continuar a gostar da forma de narrar. Por falar em "forma de narrar", da actual ‘menina dos meus olhos’, António Lobo Antunes, li o Eu Hei-de Amar Uma Pedra e os volumes dois e três da recolha de crónicas. Que é que posso, o que é que alguém pode dizer mais? o romance, e após ganhar velocidade de cruzeiro, é empolgante e tremendamente bem escrito, entranhando-se quando se sincroniza o sentir com o lido; e as crónicas de ALA são o retrato de Portugal: desanca-se, desancando-nos; a mentalidade nacional pequeno-burguesa, a crosta salazarenta que colou e não despega nos medos do quotidiano, as ‘vidinhas’, ricas de nada... ninguém conta isto como ele. E o escreve assim, perfeito. Venham mais. Já está em lista de espera e ali a olhar para mim o novo, "Ontem não te vi em Babilónia", mas é coisa para se ler com fôlego e espera auspícios de quanto o frio apertar mais.
Correndo os olhos (estou sentado a olhar para eles)… que mais? sei que alguns Fernando Grade e que não conhecia, uns comprados e outros oferecidos pelo barbudo mais famoso de Portugal, poesia em capa própria e nos eternos ‘Viola Delta’, mais uma recolha de crónicas dos tempos do jornal ‘Record’; também li amigos e outros amigos-ainda-desconhecidos que entraram no nº 3 dos Cadernos Moçambicanos Manguana, onde eu também juntei umas coisas; dum deles, do Delmar Maia Gonçalves, refiro além da tal edição colectiva o seu ‘livro de mangusso’, Afrozambeziando Ninfas e Deusas, e para a semana lança outro, ele não pára!; de Wiliam Faulkner O Som da Fúria, não me pareceu o que o gabam. Ainda sobre tema "colonialismo" e aparentados, pois é obrigação ler tudo o que for possível pois, meu caso, ainda estou por perceber totalmente a cambalhota que a minha 'vidinha' levou, Confronto em África de Witney W. Schneidman e Operação Mar Verde de António Luís Marinho, e arranjei um magnífico primeiro volume (parece que só na própria Torre de Tombo há à venda o segundo) "Guia de Fontes Portuguesas para a História de África", edição do Instituto Português de Arquivos, que pelo menos me dá ideia do que há e onde há, e como se encontrar, se houver paciência e necessidade (por esta ordem); do inhambanense Guita Jr. li ‘Os Aromas Essenciais’; gostei muito: bom poeta e com a melhor matéria prima do mundo – por alguma razão natural vem de Moçambique muita da melhor poesia que se faz em língua portuguesa…
Uma amiga ofereceu-me, a malandra, "O dia em que o Pato Donald comeu pela primeira vez a Margarida", do angolano João Melo. Pois… adorei o gesto e o livro tem-me muito mais valor pelo que representa numa amizade, na curiosidade dum nome e dum pequeno segredo público que nós partilhamos (a "Margarida" e o mangusso que fica de olhos vidrados quando vê este nick nas mensagens nos net-grupos) que pela valia literária. Lê-se, e esquece-se rapidamente. O Último Papa de Luís Miguel Rocha foi penoso de levar ao fim. Novamente a confirmação de que Bill Bryson é o melhor escritor de viagens, em ‘Notas soltas sobre um país grande’, que será um ‘Borat’ com "estilo" no ridicularizar o way of life norte-americano. Quem quer ser Bilionário?, do completamente desconhecido Vikas Swarup, foi uma óptima leitura entretenimento até ao fim: pouco no género se pode gabar do mesmo… O terceiro volume da biografia de Cunhal, afinal a história do PCP, de José Pacheco Pereira, foi religiosamente levado á última das páginas: não conheço melhor documento, tão pormenorizado e re-documentado, sobre a história da resistência ao fascismo cá entre portas. Desiludiu-me muito o Memória das Minhas Putas Tristes do Gabriel Garcia Marquez: achei-o fraco face ao ADN, mas afinal ‘Cem Anos de Solidão’ só se escrevem uma vez na vida… Li, mas penou para chegar a isso, A Encomendação das Almas de João Aguiar; foi a primeira obra que li deste escritor e estou tão mal impressionado que recordo-me de terem havido alturas em que resmungava em como ele até conseguia escrever pior que eu... a virgulação é simplesmente horrível.
Mais, descobri puramente ao acaso Eu Vivi África, edição da própria Maria Félix que é uma scalabitana que não conheço, e que foi simpático ao deixar-se ler. Emprestaram-me, li, e gostei, "Íntimas Suculências" de Laura Esquível ("tratado filosófico sobre a cozinha"): não me fez esquecer os termos de comparação que aí tenho: o soberbo 'A Honesta Volúpia - cozinha para homens' de Alfredo Saramago, e o Afrodite de Isabel Allende.
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outro dia continuo

Sobre... - V



Uma posição interessante. A alargar a discussão.
(a imagem é a mesma dos posts temáticos anteriores, lá identificada)

sexta-feira, dezembro 08, 2006

mais coisas atrasadas

Confirma-se que leio com atraso o que é importante: o mais lindo epitáfio duma campanha eleitoral que me lembre de ver escrito. Obrigado, camarada no sonho que juntos vivemos e quase-quase rejuvenesceu este país! talvez venha a haver outra oportunidade, quem sabe... afinal a semente foi regada e está cá na memória de quem, então, a sonhou e quase materealizou.

"blogs e livros: cúmplices ou rivais?"

A notícia já é antiga e provavelmente muitos a terão lido. Eu só hoje dei com ela, puro acaso daqueles que o santo Google nos proporciona quando andamos à procura de carne de porco à alentejana e encontramos quiabos ou peras goiabas.
Trata-se do resumo dum debate que, à amostra e pelo tema e painel, deverá ter sido muito interessante: "blogs e livros: cúmplices ou rivais?". A mesa tinha este ramalhete: a moderador Carlos Vaz Marques, depois em lides Eduardo Prado Coelho, Fernanda Câncio e Pedro Mexia (não meto links para os blogues destes dois pois, não sendo minha visita habitual, teria de voltar ao Google e lá está: perdia-me de novo).
A notícia e o resumo lêem-se aqui.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Euro Migalhas, Ouro

Volta não volta eis-me aqui a papaguear sobre o Euro Milhões, a fortuna fácil. E com sonhos, palácios e tudo.
E nem perto. Afinal cinquenta mil euros faziam-me transbordar de felicidade, tal o passo.
Ainda de manhã, e quando "for à bica", lá vou peregrinar as cruzinhas, abrir uma nesga à janela para, se ela por aqui esvoaçar, haver um niquinho de abertura por onde caia a sua migalha, meu ouro. Oxalá.

gripe das aves




Recebido por e-mail. Vale o que vale e terá pelo meio alguns exageros temperados com demagogia. Mas a ser vera a essência do dito há ali qualquer coisa muito mal contada...

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Sabes que o vírus da gripe das aves foi descoberto há 9 anos no Vietname? Sabes que, desde então, morreram 100 pessoas em todo o mundo?
Sabes que os norte-americanos é que propagandearam o Tamiflu (que é um antiviral) como preventivo eficaz?

Sabes que a sua eficácia nos casos de gripe comum é questionada por grande parte da comunidade científica? Sabes que, em caso de um suposto vírus mutável como o H5N1, o Tamiflu apenas alivia o padecimento?

Sabes quem comercializa o Tamiflu? Os Laboratórios Roche. Sabes quem vendeu à Roche a patente do Tamiflu, em 1996? Foi a Gilead Sciences Inc.

Sabes quem era o presidente da Gilead Sciences Inc. nesse tempo e é ainda hoje o principal accionista? Donald Rumsfeld, ex-secretário de estado da Defesa dos Estados Unidos da América.

Sabes qual é a base do Tamiflu? Aniz estrelado. Sabes quem ficou com 90% da produção mundial desse arbusto? A companhia Roche.

Sabes que as vendas de Tamiflu passaram de 254 milhões, em 2004, para mais de um bilião em 2005? Sabes quantos milhões mais pode ganhar a Roche nos próximos meses, se se mantiver o negócio do medo?

Ou seja, e em resumo: os amigos de Bush decidem que um fármaco como o Tamiflu é a solução de uma pandemia que ainda não ocorreu e que causou a morte de 100 pessoas em 9 anos. Esse fármaco não cura nem sequer a gripe comum. O vírus não ataca o homem em condições normais. Rumsfeld vende a patente do Tamiflu à Roche por uma fortuna. A Roche adquire 90% da produção mundial do aniz estrelado, base do antivírico. Os governos de todo o mundo ameaçam com uma pandemia e compram à Roche quantidades industriais do produto.

Nós, ao fim e ao cabo, pagamos a droga, enquanto Rumsfeld, Cheney e Bush fazem o negócio...

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(fanei a imagem aqui)

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Ronda europeia



Balanço: bem-vindo à realidade nacional. Mais uma vez.

(foto daqui.)

kaos!



Dão-se alvíssaras (sopa da pedra e mais o resto) a quem se disponha a vir passar uma tarde cá a casa, reunindo cumulativamente as seguintes qualidades:

a) ser paciente;

b) perceber de electricidade doméstica (interruptores de parede);

c) saber informática q.b. para por a funcionar uma 'rede doméstica de computadores' (de três unidades);

d) ser suficientemente inteligente para conseguir ligar telefones em terminais móveis à rede fixa.

Ferramentas e manuais tenho eu, o pior é o resto que não há.

É muito urgente.

(a foto veio daqui. cá em casa está bem pior...)

terça-feira, dezembro 05, 2006

Sobre... - IV


A "questão-aborto" menoriza as habituais clivagens da sociedade política, o remanso do 'match' esquerda-direita. Por vezes fala-se que este ou aquele tema "é fracturante na sociedade portuguesa". Exacto, acontece. Eis um deles.
Aquando das legislativas a posição sobre o aborto era apenas mais uma alínea na carta partidária de intenções, menu que sabemos de ginjeira que ninguém cumpre à risca - e para quem se esqueceu Sócrates relembrou-o. Ou seja, ninguém votou no partido A ou B pela posição que ele alegou em relação à IVG. Ou pelo menos só por isso. O voto não era vinculativo.
Argumentar-se, como parece que o fazem o PCP e o BE, que é assunto que compete exclusivamente aos deputados decidir é asneira descomunal, mais um prego e dos grossos na urna parlamentar que a nossa democracia carrega às costas e a balões de soro quadrienais.
Eu, tu, as mulheres e também os homens, todos, temos o direito de ser ouvidos sobre um assunto que extravasa além de convicções religiosas ou políticas pois é bem mais profundo que o agitar periódico de bandeiras ao som da campainha do sr. Pavlov. Não é o IVA, é a Vida.
Haja juízo. Parem com o berreiro histérico e discuta-se com argumentos que sejam valia, guardem-se as fardas de carnaval para quando se decidir quem vai ser o chofer por mais quatro ou cinco anos, não quando o que está em causa são duas Vidas, mãe e filho, eu e tu porque não?
PS: Além de que ninguém se esqueça que o referendo tem regras. Está na Constituição, bíblia para todas as ocasiões e não só para quando dá jeito.
(imagem habitual, de todos conhecida e inegavelmente bonita)