+- 500 €uros
Desta vez estava mesmo confiante em como era. Que ia acertar no pleno. Fiz contas e listas (sou um especialista em listas, para quem não saiba...), tentei ser justo e equilibrado nas compras e nas prendas e gastava seis milhões de contos bem gastos. Sobravam ainda trinta, o tal seguro vitalício que seria intocável, fora o improvável. Deliciava-me com a ideia de, em supremo gozo, solicitar muito respeitosamente ao banco que me atribuísse os rendimentos em catorze mensalidades, ao dia tal do mês caía-me na conta o 'ordenado'. Que seria muito mais que aquele que conseguiria gastar em necessidades e excentricidades, pelo que muito sobraria para pontualmente amimar causas e tentar caminhar direito, com a certeza que além das ideias e boas vontades eu estava de facto a usar o súbito peso no bolso como bóia, e não chumbo que afunda quem não sabe ou não pode nadar. Como eu, tantas vezes glu-glu e em momento mágico com cinco números e duas estrelas a sorrirem-me num sol que nunca consegui imaginar por muitas listas de futuros que fizera. Mas o gozo vinha também duma pequena vingança, aliás justíssima e irónica, pois afinal o monte-mãe donde saía o rendimento era o mesmo e só a sua divisão oferecia dois duplicados mensais, anualmente: 'recebia' do banco subsídios de férias e de Natal nas alturas tradicionais, fazia-me acreditar. Dar-me-ia um grande gozo pessoal a ilusão de que era o banco - essa entidade fria, também para além dos óbvios sentimentos nas fardas e mármores das suas fábricas - que pagava a areia quente onde me espojava, que o ploc da garrafa de espumante era grátis, oferecido.
Dividi e redividi, fiz uma lista. Adiada. Foi um exercício duro fazê-la, mesmo para mim já técnico em listas. Mas fiquei satisfeito com o resultado: era uma lista de que me orgulhava. Será adiada nos pormenores, essa coisa ridícula de pesar o impensável (aí, nos quilos e nas gramas, acabou por levar uma barrela de grupos, chaves e chavetas, 'políticamente correcta', reconheço que optei pela simplicidade) e não é já este Natal que há cabriolets Eos e outros jipões Hummer e All Road's à porta de também novas garagens, viagens de grupo a Moçambique de norte a sul e por bandas onde a minha motorizada nunca chegou, coisas dessas. Porque o money que saiu não dá para tanto, menos ainda já só para o que era mesmo-mesmo preciso. Saiu (só) o do título do post: quinhentos euros, mais coisa menos coisa. Acho que este ano, pelo menos este ano, vou viver a ilusão de que o subsídio das prendas veio mesmo do ar e caiu-me no colo, acho que vou é começar uma nova lista, com orçamento de rigor. Vai um abraço e um copo - aquele sempre disponível e este com o conforto das notitas novas a espreitarem?: começo de lista, sua essência e o único fim que qualquer lista que se preze tem.
Marquem, organizem-se.
(notitas daqui (cliquem, há lá mais)
2 Comments:
9€ e uns trocos...
niente
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