quarta-feira, fevereiro 28, 2007

I'm back!

(imagem do meu colega "dentuças" daqui)

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Pike's Peak (o placebo)

Peugeot 205 T16 Hill Climb

Peugeot 405 T16 Hill Climb

Suzuki Gran Vitara Sport Evo "Pike's Peak"

Suzuki Escudo Pike's Peak

Audi Sport Quattro S1 Pike's Peak

Toyota Tacoma Hill Climb

Toyota Celica Pike's Peak Special

Ford RS200 Pike's Peak Evo

A rampa de Pike's Peak, USA, é uma das provas míticas do automobilismo: trata-se de 'escalar' uma montanha de prego a fundo, estradas em areia e rails de nuvens, sempre a subir num bom par de milhares de metros em altitude o que, por si, já torna difícil encontrar a afinação perfeita para a alimentação do motor.
Todos os carros concorrentes se caracterizam pelos enormes apêndices aerodinâmicos que permitem às muitas centenas de cavalos-força - em alguns casos roçam o milhar - "agarrarem-se" ao chão.
São de algumas dessas máquinas de aspecto de filme de ficção científica que deixo este post "domingueiro", pois amanhã "estou dói-dói": vou ter uma pequena cirurgia mas com anestesia geral e, praticamente certo, não deverei vir à net nem para espiar-vos. Esta noite não quero pensar nisso: vivam os pópós, os vrum-vruns, viva a "evasão", amanhã é ainda só amanhã e eu gosto muito do Audi Sport Quattro: o suficiente para, "ao seu volante", não haverem amanhãs que o seu rugir permita distinguir além das nuvens, da névoa.
Nota final: Todas as fotos ampliam, clicando nelas. E, sobre elas, fotos, repito o que já estou cansado de dizer mas tenho sempre de o fazer: as que estão identificadas por origem, ok... está lá; as outras... sei lá onde ou de quem, são bonitas e não as estou a vender nem a reclamar como 'minhas', só as divulgo... olhem: "parabéns por elas!"

dela


"Fogem-me as palavras"

- Isto é uma piada? Não, não agora!... Voltem aqui!

Fogem-me as palavras. Escapam-se-me por entre os dedos. Haha, as palavras são matreiras... matreiras e efémeras!
São falsas amigas. Quando há alguma dificuldade, ou quando tu te aproximas, são as primeiras a abandonar o navio (que é como quem diz, a boca). Penso que tenho tudo sob controlo e quando mais preciso delas, é exactamente quando estas me desamparam. Ao finalmente regressarem, já se tornaram novamente inúteis. Coincidência, ou destino? Ironia talvez. Deixo à descrição de cada um. Oh minhas amantes palavras, que, quando se despedem docemente, me deixam entregue aos seus primos Gesto, Aceno e Careta; e que de quanto em quanto, me levam a visitar o seu avô Ridículo, que não é nada simpático.
Palavras são como crianças: inocentes e malandras! Gostam de nos pregar partidas e rir dos nossos maus momentos. Minhas amigas palavras que tão mentirosas são... quantos sonhos vocês criam e como me obrigam a descer vertiginosamente quando o coração me trás de volta à Terra. Haha... Quase um mundo irreal, é o resultado da vossa presença.
Não derramo lágrimas no papel e nem sequer o rasgo pela, acreditem! tamanha raiva que sinto!... Simplesmente sorrio: um sorriso hipócrita e vencedor. Porque as coisas nem sempre correm como espero e a culpa não é do mundo nem das pessoas. Por muito que doa a culpa é minha. Minha, e das minhas palavras. As minhas fiéis companheiras e que me conduzem nesta longa tragicomédia que é a vida.

(Não fui eu que escrevi isto: foram “elas”...)

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Texto feito hoje pela minha filha Carla, para um trabalho escolar. Sou vaidoso com os meus filhos tanto ou mais de quando é comigo mas, hoje, quase tive ciúmes do professor e, os da escrita 'dela', esses foram reais!... a 'pita' faz-se! :-)
(da foto: foi tirada pela profª Fátima, de Ciências, durante um teste; do que a miúda conta e se vai vendo, a professora adora fotografia e costuma brindar os alunos com cópias dos melhores instantâneos que deles consegue durante as aulas: à Carla calhou-lhe agora esta foto tirada no passado ano lectivo, portanto ainda com 13/14 anos, que agora já vai nos catorze e meio)

domingo, fevereiro 25, 2007

"embrulhar a trouxa e zarpar..."



Cheguei a ele (desta vez: doutras dei por mim a pensá-lo...) por aqui, agora não me atrasei... :-)

(imagem daqui)

a energia das ondas

Este fim-de-semana, a pretexto duma consulta médica em Lisboa, "fui ver o Mar". Quando digo que fui ou vou ver o mar digo mais que do gosto por ele, aqui ausente em lezíreo dia-a-dia com Tejo por fundo, ondas que me faltam: ficciono do encontro com o seu meneio, dos pretextos e da maré, do seu bambolear pelas areias meu trejeito por ruas não as habituais aos dias outros mas onde, sei, a ficção casa-se com a realidade como na praia a magia do mar borbulha a areia, brilhando-a, humidificando as securas dos chápeus-de-sol do bilhete-postal do estival quotidiano. Nestas fugas encontro quem conhece e aceita o formato de ambos, mútuos 'duplos', meu virtual e meu real. Da minha ida com anseios de ver e estar com quem igualmente gosta de me ver além do virtual mas sem 'os' separar, conhecendo-os e estimando-os, mais ficciono palavras outras como prazer d'amigo, fábula real nada virtual.
Findas as formalidades que da saúde trataram, ainda na sexta-feira, fui à Bica do Sapato, lá para os lados de Stª Apolónia, para um muíla*-encontro de aprofundamento de relações culturais entre tribos que, depois, tarde de muita conversa e algum passeio em demanda de sossegos para ela, seguiu para aqui (caril com fuba, caprichos tribais: estreia minha que sempre que vou ao 'Aziz' como o caril mas é com arroz), mais longa a noite conversada aqui, "O Bacalhoeiro", grata surpresa daquelas que Lisboa nunca parará de me dar enquanto haja quem mas revele e, já tantas da manhã, cândida e o mais discretamente que me foi possível, passei ao largo e de mansinho por um auto-stop na av. 24 de Julho, o incómodo no consciente de reconhecer que, se parasse e assoprasse no famoso aferidor dos excessos tabelados, poderia 'haver problemas'. Não houve e segui, a noite serpenteante pela costa (a mais bela estrada de Portugal?), olhei e passei as areias de Oeiras iluminadas e estacionei em tribo que é também minha. Regressei hoje ao clã, amanhã segunda à memória do marulhar.
Disto tudo o título; fica a sombra no túnel paisagem urbana, epiderme outra que Lisboa me trás e eu gosto de nela me retratar.

* muíla: tribo que situo (mais ou menos de memória, é onde a 'vejo') na região dos Grandes Lagos africanos, sul egípcio por aí abaixo; as suas mulheres são dotadas de beleza muito singular: se de boina, tanto parecem parisienses dos anos cinquenta com bicicleta no corredor e todo o charme latino na alma ou, olhando-lhes a alvura da pele e os olhos, muito especiais, junto com o peculiar sardento que tempera o nariz de traço à Nefertiti, supõe-se traçarem-se copos e palavras com mui britânica moça, lá do Shire onde, dizem, há tribos e castas assim: de alvoraçar mangusso e espevitar intelectual... :-)
(foto dela, meu recanto de sossego quando 'vou ver o Mar', ela também aqui.)

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Os brinquedos com que não brinquei

Assim de repente lembro-me de dois que estão lá em baixo guardados, brinquedos com que não brinquei e devia tê-lo feito: um, um avião de montar, um biplano amarelo, caixa grande e preço baixo pois vendido com o aviso de que poderiam faltar algumas peças. Outro, as folhas em cartolina dum 'Estádio da Luz' para recortar e colar, ainda existia a Telecel e não a Vodafone e vinham com o jornal, ainda existia o antigo estádio onde uma tarde de sábado levei o meu filho, ele então ainda com asas muito jovens mas já 'águia' indefectível. Era o Mário Wilson o treinador principal por último recurso, tinha saído o Autuori e mais não sei quem e jogava lá um brasileiro loiro que era afamado mas disso não passou, e o Benfica, então, andava pelas ruas da amargura: lembro-me de as coisas correrem mal lá dentro e, cá fora, no banco (estávamos mesmo ao pé) o Wilson olhava para o campo e para o banco, fazia uma cara de resignação e dava até a impressão de suspirar. E havia uma mulher, amalucada como verão, que passou a santa primeira parte inteira a acompanhar as corridas do fiscal de linha para cá e para lá para melhor insultá-lo, 'filou-o' mal o jogo começou e esse, jogo, terminou para ela logo aí: era indiferente ao que se passava com a bola, ela só tinha olhos para ele e voz para lhe chamar de filho-da-puta para cima e para os lados: toda gente se ria, e ao próprio mimado não era indiferente a trombeteira de bancada, expert em fiscais de linha.
Os dois eram brinquedos para brincarmos em conjunto, montá-los no tal trabalho de equipa pai-filho que todos os pais sonham, seja para construir estádios ou levantar asitas e voar. Não o fiz, não o fizemos. Dificilmente o faremos pois nem o estádio já existe nem ao avião nasceram peças: pelo contrário, o mais certo é nestes anos de pó e arrumações, mudanças até, mais algumas se terem perdido e, ao novo estádio, sempre podemos ir lá quando quisermos, quando noutro sábado calhar. Mas nestes anos todos sempre pensei, lamentei, silenciosamente, estes dois brinquedos com que não brincamos e devíamos tê-lo feito, Miguel. Lembrei-me disto agora e estou a contar-to, sei que mais dia menos dia virás ao blogue e lerás. Havemos de ir ao estádio, ao novo, quando voltares, e o avião guardamo-lo para filhos ou sobrinhos, ok? Um beijo meu.
(caixa de avião parecido com o que está lá em baixo, daqui)

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Viva a diferença!





Este automóvel é um cara-de-cú: a primeira foto não o mostra de frente e na seguinte, onde estão os olhos de pargo-morto-há-oito-dias, é que é ela: a escolher o lado menos feio ainda lhe prefiro o cú que a cara. Nas duas últimas vêm-se os 'originais' encostos de cabeça, que mais fazem-no parecer-se com um electrodoméstico gigante.
De apelido Vortex e de nome próprio X-2000. É de 1968. É horrível. É coleccionável por ser tão feio. Já agora diga-se que tem um motor Lincoln V8, por certo de ronronar mais bonito que qualquer decímetro da sua carroçaria, e ao que penso o retratado é exemplar único, felizmente.

(antecipo o post de "vrum-vrums" de fim-de-semana pois, nele, o meu acesso à net será limitado: amanhã vou a Lisboa tratar da saúdinha e como estarei a meio caminho aproveito e vou visitar amigos que moram para lá: só volto "à base" no domingo, e nem sei a que horas... - fotos do post de museus de horrores de que não retive link duma, excepção às outras que o têm gravado)

Um conto de fadas é assim:



Obviamente daqui, e há lá mais que ler seja em português ou em francês mas sempre bem pensado e escrito. Atraso-me na visita e acabo sempre por verificar que eu é que perco...

(o título do post linkado é "Gentes: o meu Cinderelo". na google-busca escrevi 'cinderelo' e das imagens que vieram seleccionei esta, daqui)

post na oficina

Este post levou a escrita "concertada", além do texto modificado em muitas partes: estava ruim demais mesmo pelo padrão que sabem, designadamente na parte da masturbação que estava virgulada a mais e com pouca tinta no decoro.
O chefe de redacção apresenta desculpas e queixa-se de não poder tirar uns dias de descanso nem pelo carnaval, que há logo 'borrada' na loja: doravante está instituído o exame prévio.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

óbito prematuro


Já dizia o Mark Twain que «as notícias sobre a minha morte são um pouco exageradas».

Esta tarde, curiosamente em Alpiarça e não em Almeirim, fui carinhosamente informado que correu há uns tempos atrás, cá no burgo, o boato que "o Gil tinha morrido". Parece que começou num café que eu até bastante frequentei até à minha actual 'fase' de eremita, e a mocinha do bar disse a alguém que "morreu o Gil", não especificou qual Gil ou quem ouviu não lho perguntou, houve passa-palavra e quem telefonasse para o 'Gil da Tapada' - atendeu, está de saúde, avé -, etc e tal, para mim ninguém telefonou (ainda bem) e não sei se à tentativa de funeral houve ou não muitas presenças: eu é que não estive lá, juro, até porque ninguém me avisou e, assim, a minha falta de corpo presente deverá ser considerada justificada por quem de direito e adiadas as exéquias sine die e hora marcada.
Pois esta tarde o Mocito fez uma cara alegre do tamanho da sua semi-careca ao ver-me, eu radiante por vê-lo rosado e recuperado duns tratamentos que fez, daqueles tais em que os químicos e a terapia deixam o doente com aspecto de mais para lá do que para cá, ele quase a dar-me um abraço e a dizer «ó Gil! ó Gil! sabe lá o que constou de si...» Enfim, lá se esclareceu a confusão acerca do meu fantasma e passamos a factos reais, tais como a feliz e espectacular recuperação dele.

Para mim não é estreia. Se desta vez em absoluto rebate falso, pois, conjugadas e adicionadas as minhas maleitas de momento não aconselham ainda visita a um alfaiate-carpinteiro (diarreia, rouquidão, tosse de fumador, 'brecas' e pouco mais físico, o longo resto é de foro psiquiátrico e acho que é como o Toyota: veio para ficar e sem taras já nem me identificava), há uns oito anos atrás, aquando da minha primeira crise grave de Crohn e em que passei quase um ano inteiro no entra-sai do hospital da região, aí mais fundamentado, correu por cá igual rumor e quando voltei às lides diárias durante as primeiras semanas era interpelado constantemente na rua: «ainda bem que o vejo! sabe que me disseram...", "eh pá! bons olhos te vejam! olha que...", outro etecétera que dá para calcular como era. Depois passou, naturalmente eu regressei à paisagem do quotidiano vivo e ainda por cá ando, mais um cadáver adiado.

É curiosa esta sensação. Se quando se está muito doente é natural que se pense na sua própria morte e, tendo-se desaparecido de circulação, os não íntimos tenham-no pensado e até ventilado como hipótese, também há outros momentos em que a qualquer um tais ideias mórbidas se alojam e anda-se pensativo por más razões. Mas não são pensamentos que se partilhem, há uma reserva natural em tornar públicos tão lúgubres exercícios que ficam na intimidade até um dia se ter um blogue, que é uma espécie de inconfidente bebedeira. Diferente é esta sensação de ser-se defunto sem menor aviso, ter-se noção de que houve quem nos riscasse da paisagem e 'encaixotado', daí os olhos, cara e palavras de surpresa e alegria - mútuas, acrescento, pois eu sou dos que gostam de "cá andar".
De Alpiarça até Almeirim vim a matutar no assunto e isso só podia ter um caminho: estou há um quarto-de-hora a contá-lo no canto de todas as confidências, a deixar pública fé da minha permanência e sobrevivência: este é o meu melhor post de já há bastante tempo!

PS: os meus pêsames aos familiares e amigos do vero Gil falecido, se o houve: não faço a mínima ideia de quem tenha sido o infeliz e, havendo-o, só quero dar-lhe um abraço solidário daqui por muito, muito tempo...

(túmulo daqui, visita que desejo longe de mim)

terça-feira, fevereiro 20, 2007

o fascínio do leitor


Ao ler, o leitor recria a estória por outro contada, ele leitor é-o ficcionista. Quem não ler assim perdeu a capacidade de sonhar, escapou-se-lhe entre a vida o fascínio das 'leituras de miúdo', fossem elas as bd's do Fantasma, Mandrake, "garra d'aço" ou Rick Kirby, Major Alvega ou Ene 3, ou os livros 'de letras'; mais tarde, com esses, vem o melhor: construir um filme único, pessoal, enquanto as páginas do '3 mosqueteiros', 'conde de montecristo' ou 'davy crokett' corriam, sem se dar conta e a gosto entranhava-se o bichinho criativo no sonho, pariam um sonhador: há livros que deveriam trazer um aviso na capa, tal como os maços de tabaco: "ler pode provocar o sonho", "não confunda a vida com uma biblioteca", "ler mata a realidade", e mais gracinhas do género

Serei exagerado no leitor/livros compulsivo que sou (embora já o tenha sido mais, a net...), mas é-me verdade assumida que o meu lado ficcionista vem do sonhador que sou desde que de mim me lembro, assim como me recordo de sempre gravitar em volta de livros: mesmo as 'pistas' que improvisava na sala da casa, para nelas fazer "grandes prémios" de carros desenhados por mim e depois recortados, que empurrava com o dedo, as 'paredes da pista' eram feitas com livros ou revistas de banda desenhada. Acho que até nisso, a mania pelos carros, há uma ligação. As 'semanadas', quando as havia e nunca com periodicidade que justificasse o cognome agora dado por 'facilidade linguística'...) ou o dinheiro do lanche, tanta vez, foram desviados para o alfarrabista na avenida 24 de Julho e a caminho do liceu António Enes, revistas 'antigas' de bd e de carros, por vezes um livro "só de letras": trocavam-se "dois por um" e às vezes desfazia-me de velharias para ir buscar 'novidades imperdíveis'... Em casa havia ainda os da minha irmã, mais velha, e li nesse tempo, por exemplo, o 'Mulherzinhas' e gostei: é, para além do nome, livro para 'elas' e para 'eles' nessa idade; e o meu pai trazia no bolso apontamento dos números da colecção "Os Cinco", Enid Blyton, que me faltavam. Surripiava-lhe os policiais de bolso que conseguia e ia lê-los para a casa de banho, à procura "daquela coisa" e a iniciar-me na masturbação entre litradas de sangue e duplos de whisky, leituras de assassinatos de magnates e com detectives de gabardine, coristas loiras e de fartos peitos e altas pernas, de rouge e lábios vermelhos e meias de renda, menu onírico completo que ainda passava por sórdidos bares na avenida número tal duma tal de Nova Iorque. Lá pelo meio, as tais páginas onde se falava e contava dos preliminares sexuais que, então, me pareciam admiráveis finais e "toca a dar ao bicho"... (mas o post é sobre "o fascínio do leitor", 'tá quieto e deixa isso agora, Carlos)

Um romance é um livro de aventuras. Cada um com o seu ritmo e até, concedo, o seu estilo de 'contá-lo'. Mas se não for "um livro de aventuras" ao ler-se o romance torna-se chato, mais pesado que quaisquer ligeiras folhas que tenha se elas não se tornarem indiferentes a quem as lê; senão a sua presença torna-se pesada, maçadora para o leitor. Elas perdem o seu peso quando "conseguem" e pulam cá para dentro, e das palavras contadas o leitor extrai a matéria-prima para fabricar o seu próprio sonho, cavalgar a toda a folha a estória contada, ele na sela e ali vai à desfilada pela porta aberta às pradarias que o escritor lhe deu. Tenho momentos em que olho um livro recém comprado assim: antevendo, lambendo-me, à espreitadela ao resumo sucedendo-se a avaliação das suas 'possibilidades' criativas, eu leitor já a preparar-me para subir ao palco do exercício da ficção, guloso de tema para mais e mais sonhar: nasceu na BD de puto, cowboys, mágicos e soldados.
Gostava imenso do 'garra de aço': imaginava-me sempre, mesmo maneta mas possuído de tal "poder", a introduzir o indicador metálico da garra nas tomadas eléctricas para pelo choque provocado atingir a invisibilidade mágica, e sempre em dois sítios bem diferentes: numa agência bancária, onde gamava uma nota de quinhentos paus todos os dias, e naquelas zonas misteriosas e interditas do planeta, onde por certo se passavam milagres e se revelavam admiráveis segredos, as casas de banho femininas. Este vai de exemplo quer da capacidade de sonhar quer do seu uso depravado, possível razão de eu hoje ser o que sou, piscador de olho sem-vergonha e sempre à cata de 'quinhentos paus' caídos do céu. Os livrinhos 'de guerra', principalmente os dois que disse, Ene 3 e Major Alvega, eram oportunidade para eu me imaginar herói, daqueles que ficam feridos em combate e tudo, mas não só sobrevivem como, já na penúltima folha, salvam o mundo livre dos maus, nazis e jap's, tudo em minuciosos desenhos onde se viam os pormenores dos Spitfires e dos Stukas, os Hurricane ou os Messerchmidt ou Fockenwulf (será assim? nem vou ver pois o importante era o 'desenho', as 'letras' desenhava-as mentalmente eu...), mais todas as outras armas, os grandes couraçados, Bismarck e Yamato, os submarinos U e as bombas V, ou os canhões gigantes como o 'Bertha' alemão que era fixo num vagão de caminho-de-ferro, tal o tamanho: só poder estar estacionado no lado de cá da Mancha já tirava o dormir aos ingleses... até lá ir o Major Alvega resolver o assunto, está claro.
Era à escolha, era servir-me... dos de espadachim idem idem, aspas aspas, com damas ainda mais misteriosas num frou-frou de rendas e generosos decotes, salões forrados em espelhos onde os cavalheiros também usavam laçarotes, ou tascas não menos sórdidas das tais da rua quarenta e quatro, a tal cidade grande, o mundo antes da televisão. Igual para o Bufallo Bill ou o Ivanhoe, o que era o último dos Mohicanos e qualquer outro, excepção às damas que por aí desiludíam-me e, talvez por isso, mais tarde fui aprender xadrez, by books obviamente. A todos esses livros de heróis e aventuras vestia-lhes a foto da capa e ia por eles adentro, fazia minhas as aventuras contadas e adaptava-as ao mundo que conhecia, ao chão da minha sala e à minha vivência; se o herói beijava a heróina eu suspirava escondido atrás do sofá, nas páginas lendo-me a beijar a miúda do prédio em frente, a tal que me fazia corar sempre que a via, e se eles matavam dez eu matava vinte. O meu avião voltava à pista feito em frangalhos, cheio de buracos e eu a segurar a manete só com uma mão, mas deixava atrás de mim no mínimo meia dúzia de suásticas espalhadas pelos campos sei lá onde nem interessava, símbolos e que depois seriam pintadas no avião como marcas em coronha, tal como fez o "barão vermelho" na 1ª guerra mundial. Os ursos que eu matava em nada desmereciam dos do Davy da boina, já agora acrescento, e para que não restem dúvidas eu ganhava-lhe à larga pois abatia elefantes só com um tiro e com eles à carga para cima de mim, só de leões teria dúzia e meia de cabeças empalhadas na sala da minha memória sonho, lado-a-lado com os carrinhos desenhados e recortados, tudo minúcias em traços filhos das leituras: aquelas páginas eram ouro, uma mina, e hoje continuam a sê-lo se 'bem esgalhadas', se me prendem como seu leitor-vampiro que sou: olho-os, livros, com a gula de quem sabe neles haver segredos em roteiro, depois ligo a máquina e rodo o filme, até logo resto do mundo.

Acho que não sou "um gajo esquisito". Um pouco a puxar para o solitário, admito, mas este abuso onírico em volta dos livros nem sequer será estranho pois a maioria de vocês, leitores, é-o igualmente, sonhador enquanto lê. Daí eu decorrer que me percebem quando conto do "fascínio do leitor" e do dínamo de sonhos que são os livros, e por decorrência do que disso advém: cada um que advogue pró ou contra o sonhar, é que ele nunca tem medida certa...
Quando o Helder Macedo, lá no "correntes de escritas", disse que a realidade é o eco da ficção eu entendi-o perfeitamente, pela primeira vez ouvi em discurso estruturado explicadas as razões do mundo dos ficcionistas não ser senão outra dimensão do mundo 'real', e ele sabe bem em qual passa o seu tempo, em que sofás mais preguiça o seu sonhar. "Os livros têm magia": é slogan antigo e que cheira e soa a lugar-comum. Tão comum o é como é verdadeiro: basta ter acertado ao abrir um, qualquer um, venha ele de Nobel ou do completo anónimo, de 'clássico da literatura universal' com lombadas castanhas e letras em dourado, e ir acompanhando sir Edmund Hillary a vencer o Everest, Crusoé perdido na ilha e 'eu' logo coleccionando canivetes e caixas de fósforos, alicates surripiados à ferramenta do pai, um rolo de fio que nem para um papagaio já dava, mil e uma utilidades secretas que guardava numa caixa de camisas por baixo da cama para, se me calhasse um dia ser 'robinson crusoé' estar prevenido com tanta coisa que certamente seria de prodigiosa utilidade, pelo que lia do que lhe tinha acontecido a 'ele', o protagonista antes de mim... percebem?

Mas repito, e agradeço que não se esqueçam: o meu preferido era o "garra de aço": quinhentos paus no bolso e acesso à arca dos segredos tornavam(am) irrelevante qualquer choque eléctrico à realidade entre mãos, haja um bom livro de aventuras entre elas.


(imagem daqui)

Jorge Viegas


Previamente: palavra que procurei uma foto do Jorge onde ele estivesse sozinho. Mas nem a tenho nem via Google a consegui. Por isso uso esta, tirada no Centro Comunitário da Qtª do Conde em Setembro de 2005 num debate que a autarquia local lá promoveu ao tema "migrações e integração" (na foto: ao centro, a vereadora da câmara de Sesimbra, drª Felícia Costa, e que já nos* renovou convite para uma sessão de poesia e divulgação cultural africana para Junho deste ano, desta vez em Sesimbra; depois, à sua esquerda o Jorge e eu à direita)
Vem isto a propósito do poeta e meu amigo Jorge Viegas, zambeziano, e do blogue que ontem recomendei em à parte alusivo à origem da imagem que utilizei neste post. Se ontem já tinha ficado agradado com a rápida visita que lhe fizera, hoje, avisado pela "Webina" (a 'minha' Paula) que andou por lá a cuscar e me disse muito ter gostado do blogue - andou a correr os arquivos, até..., também me disse lá ter encontrado um poema do Jorge que eu, ontem, na tal 'visita rápida', não tinha visto. É este, "Estrada do Silêncio", e vale uma leitura - não é 'puzzia', é mesmo poesia.
Gostei de te encontrar aqui, Jorge. E gostei do "Momentos de um louco", blogue que novamente recomendo, agradável e de muita qualidade, além me trazer as palavras dum amigo inesperadamente, nesta poética da net.
* 'nós': eu e o Jorge, mais a minha irmã Nora Villar, o Delmar Maia Gonçalves, a Elsa de Noronha, o Manuel Matsinhe mais o Renato Graça, a Olga Santos e a Paula Ferraz, a Filipa Gonçalves, enfim... aqueles que eu chamo de 'os jograis', que de vez em quando nos juntamos e "corremos" para onde nos queiram ouvir falar de poesia, da poesia e cultura africanas principalmente, cafés, teatros, "conferências" ou esquinas de rua, onde calha e nos desejem: no ano passado estivemos em Santarém na "quinzena africana", que ocorreu no teatro Sá da Bandeira, e parece que este ano vamos lá repetir: depois aviso do que houver. em '05 estivemos também em Almeirim no "Copo com Texto", dessa vez 'reforçados' com o Fernando Grade e mais alguns, que há sempre quem apareça à última da hora e isso é das partes bonitas da 'coisa'. e, por falar nisso, lá na Póvoa tive um contacto para integrar um projecto muito semelhante, "poesia vadia", que também corre seca e meca e vai onde 'o' ouvem, mas mais pelo centro/norte do país e sem tema-base como 'nós'. também aqui darei conta do que haja na devida altura.

ai ai, bzz bzz! - dizem o "rato" e o incauto...


Solução extrema para impedir a ratonagem de 'gamar' o pópó... o "Tesla Coil Security System" (aqui o manual de montagem, para os mais afoitos e dados ao bricolage, enfim, para malucos...), última "invenção" que, espero, se venha a juntar na memória aos celebérrimos abrigos familiares anti-nucleares dos anos cinquenta e outras paranóias de híper-segurança do género: imaginem só o que seriam as ruas crivadas de armadilhas como esta... é caso para ir buscar o velho adágio: "pior a emenda que o soneto..."

(fotos daqui e daqui)

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

:-)

O David voltou e em grande forma: há ali meia dúzia de posts novos que são imperdíveis!

pensamentos


... eu e a Póvoa... vendo bem vendo bem, falhei algumas conferências mas nenhum almoço ou jantar. Ora toma!... :-)
(imagem "mesa dos sonhos" deste blogue, cuja visita recomendo. a google-busca inicial teve por palavra-chave "glutão" mas não fiquei satisfeito com os resultados que vieram; aí mudei para "ler à mesa" e apareceu-me esta, que fui espreitar. daí uma visita - rápida - ao blogue e ter ficado por lá mais tempo que contava, e 'fiquei' com a imagem...)

...e porque me apetece!







Para desenjoar do carnaval que já aí vem aqui fica mais um carrinho: o Lancia Stratos. As fotos ampliam e no monitor vêm-se as razões porque gosto deles, coisas lindas: experimentem, que não ficarão desiludidos.
As fotos são como é habitual: as que têm "copyright" inscrito ou eu me lembro onde as encontrei... se não: eu estou só a partilhá-las e parabéns a 'vocês' por elas.

domingo, fevereiro 18, 2007

galeria de imagens

Luis Carlos Patraquim (à dtª)


Isabel Guimarães



As caras de com quem mais convivi: o Luis Carlos, já companheiro, o Nuno e a Isabel duas vozes que gostei de passar a ter.
O 'Berto', Alberto Serra, já o conhecia doutras guerras, outros tempos, mas já não nos víamos há uns bons vinte anos. Quanto ao profº Helder Macedo, só posso dizer que o privilégio de ter almoçado na mesma mesa dele teve depois o extraordinário corolário de ouvir a sua dissertação na 'mesa' final, que em resumo disse-nos assim: «é a realidade que é o eco da ficção»: eu comovi-me, por entender; por, até ouvi-lo assim, (bem) explicado, já suspeitá-lo.
Há um de que (ainda) não consegui arranjar foto: o profº Perfecto Quadrado, e então dizer-vos das estórias que ele nos contou acerca do seu peculiar nome... desse terei de fazer um post à parte, exclusivo: as gargalhadas que demos, eu também por duas vezes à sua mesa, merecem-no!
(fotos do site da Câmara Municipal de Póvoa do Varzim - "correntes d'escritas" - "galeria de imagens")

"liberté toujours", diz nele...


Estou há três meses à espera duma primeira consulta anti-tabagismo do Serviço Nacional de Saúde. A requisição da mesma levou aposto, pela médica que a requisitou (o meu tabagismo poderá estar a influir negativamente no 'Crohn'), a indicação de "muito urgente".
Entretanto fui informado de que as primeiras consultas estão com uma espera de ano e meio. Do atraso para as subsequentes ninguém me informou: só aquele "sorriso amarelo" que fala por si.
Adenda: se é "muito urgente" porque não páro sozinho? porque estou e confesso-me 'agarrado', tenho noites em que acordo para fumar.
(maçito, igual aos ... e tal que fumo diariamente, daqui)

... ou saudades da vidinha anónima e pacata, até "cinzenta", aceito, mas recheada de intimidades que são incompatíveis com... "ter um blogue"?

(foto fanada deste Fotolog, brasileiro, cuja visita recomendo)

saudades do silêncio?


Há momentos em que odeio ter um blogue.
(smiley daqui)

o raio da pergunta...


Se se tratava, , de despenalizar, porque raio é que foi necessário um referendo* para, , alterar o Código Penal?

Pois é, pois é... a ministralhada ficou esfusiante não ficou? a vitória foi 'deles', avocaram o "Sim" como seu e o referendo sempre era outro...
...e "a manada" correu atrás do agitar do capote, folgazinha 'deles' até à convocatória para a próxima manif e toca a juntar de novo o chinfrim, que «afinal já não é dos nossos, malta»!

Pavlov foi um gajo esperto e legou-nos conclusões do caraças.


* não mudei de opinião. continuo a achar que para decidir sobre a IVG o Parlamento, por si, não tem mandato, e o Referendo era necessário. a alteração ao Cód. Penal descriminalizando isto ou aquilo é diferente de legalizar isto ou aquilo, passe a abrangente expressão. os cheques-carecas foram descriminalizados, o que não significa que se tornou legal passá-los.

(o ponto de interrogação estava aqui)

sábado, fevereiro 17, 2007

... porque hoje é sabado...




... vamos aos carrinhos.
Para hoje seleccionei as "breadvan", os carros-de-padeiro mais rápidos do mundo. Assim que me lembre, na minha colecção de fotos de automóveis tenho dois modelos: o famoso Ferrari 250 GT SWB Drogo 'Breadvan' de 1962 (primeiras duas fotos), e o seu quase gémeo Iso Competition Breadvan de 1967 (as restantes). Ambos têm chassis das próprias casas, o 250 SWB no Ferrari e o Rivolta no Iso, este com motorização V8 da Chevrolet de 5.300 cc e aquele com o habitual V12 da casa.
São carros que sem serem "bonitos" têm no seu aspecto exótico a sua principal atracção, bem diferentes dos 'banais' modelos que lhes serviram de base. Não há que estranhar as semelhanças de design pois o primeiro, o Ferrari, embora construído na Drogo fora desenhado por Giotto Bizzarrini, pai dos Iso-Rivolta.
(algumas das fotos têm o 'copyright' nelas denunciado. as outras... encontrei-as por aí, hoje sei eu lá onde...)

do carnaval antecipado na blogosfera de Almeirim


Aqui e aqui deixei a minha opinião. Não volto ao tema salvo imponderáveis que não desejo ver acontecer.

(imagem de "carnaval" daqui.)

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Combinam bem


O carro é um Studebaker Champion, provavelmente de 1951. Os músicos parecem mais novos e não sei o que tocam, mas deverá ser acertado supor que é "rock n'roll".

E eu gostava de estar lá e sentar-me na estrada a vê-los, mais do que ouvi-los: tenho um fascínio pelo kitsch dessa época que é obra... :-)

(foto gamada sei eu lá onde...)

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

a "terrinha" e eu: reflexões com um texto na mão


Em Moçambique reflecte-se sobre o Poder e a sua constante em trinta anos de independência: no blogue de Machado da Graça, o "Ideias para Debate", continuam a ser publicados os 'fascículos' da reflexão do sociólogo Elíseo Macamo ao tema "O Poder da Frelimo", antes publicados no jornal de Maputo "Notícias", certamente que por cá despercebidos até porque o site do jornal só recentemente ganhou 'vida' (já agora, com um sistema de pesquisa de arquivo... 'confuso': até dei por mim à procura das parangonas de Abril ou Maio deste ano...).

Eu leio-os. E não comento (mas agora dou um empurrãozinho para divulgá-los). Não comento porque estou há outros trinta anos longe da terra e das pessoas, e destes só nos últimos três/quatro me interessei por mais que o ouvir falar ou as parcas notícias, generalistas, 'noticiosas' mas nunca de artigos de opinião, que por cá aparecem. Assim considero-me incapaz de opinar mas sendo certas duas coisas: que, lendo-os, absorvo a reflexão cuidada dum intelectual, e, eles artigos 'na mão', não os olho e sinto como se fossem e tratassem do exercício exclusivista e musculado do Poder, sei lá, na Coreia do Norte ou em Angola (só por uma questão de rima). Cada dia que passa mais distante me está e, sendo primeiro de tudo honesto comigo mesmo vou aceitando que se me sedimente que, hoje, Moçambique ganhou foro de recordação do passado e, entre sabores melhores e alguns bem amargos (o eco: "eu vim-me embora para uma alternativa burocrática, mas oito milhões ficaram lá e não fugiram procurando uma vida mais fácil: oito milhões, e eu 'dizia-me' um deles"), é muitas vezes apenas pretexto para questionar o (meu) presente.

(Com as míopes leituras que vêm, sempre que se poisa o livro no umbigo. Coisas minhas, autodefesas minhas, minhas do eu-hoje, social e culturalmente tão português como o meu vizinho do lado, com arranques dactilógrafos em que desenterro ninharias do 'passado laurentino' e faço delas epopeias, e venha o primeiro dizer-me que estou errado: cada pequeno facto vive o seu aniversário quando o recrio, escrevendo-o sobre olhares comuns a todos misturados com o exotismo ou o gag reais, mas "trabalhado" com um primeiro objectivo: a sua leitura agradar. Tanto como se se tratasse no Sri Lanka ou em Amsterdam, Katmandu ou ao longo da '66': ficciono-me, escrevendo-me, e esse é meu direito como escritor. Em linha da razão do à parte, mascaro a banalidade da existência pessoal com flores de jacarandá, meto sal do Índico e aromas de suruma, da vera, conto do arrear de bandeiras e do tão bonita que era a nova, apaixono-me por miúdas e não sou correspondido mas estou-me nas tintas pois tinha a cidade mais linda do mundo para correr e dela conto, tenho as primeiras experiências no pensar e agir politicamente na altura normal para isso, mas vivo-o (e conto-o) sob memória de paixões revolucionárias especiais, exóticas ao olhar de quem não contesta a imutabilidade dos seus novecentos anos de nacionalidade por muitas revoluções que venham, e em que marche ou odeie vê-las passar. Há uma paisagem inigualável e verdadeira em todas as pinceladas, mas a criação ou recriação da personagem é liberdade inteira do escritor, por acaso ele mesmo e, assim, a sua animação pode bem transformar um trambolhão numa casca de banana num pensado flic-flac que, afinal, correu mal. Eu avisei no princípio do 'comentário': o livro e...)

Por saber disso gosto de ler. Há coisa de para aí um mês que acompanho esta série no blogue do Machado. Leio-os como (lá vou eu outra vez, maldita ficção...) se o fizesse sentado num café local, não digo uma esplanada pois, lembrando-me, sentava-me muito mais vezes lá dentro do 'Scala' que na sua afamada esplanada, que 'hoje' cão e gato 'frequentou' assiduamente, idem ibidem a qualquer esquina de nome lá na 'cidade'. Por acaso não me imagino a lê-la, série, ou um jornal ou revista, num qualquer bar de hotel muito fino pois quando me calha entrar num desses, hoje, ainda tenho o complexo que lá adquiri pois sempre olhei com desconfiança os sítios 'finos' e, confesso, sempre tive medo de não me deixarem entrar. Hoje ainda me vem à cabeça que "é o Polana" - exemplo, mas emblemático pois nunca lá entrei, quando caminho para quaisquer portas-em-vidro-com-porteiro, ainda pior quando ele é do generalato - ainda os há, de dragonas, acreditem-me que tenho bom olho para eles... Sabem onde gostava mesmo de ler, e então? sentado na marginal, a mota estacionada no passeio ao lado do banco em cimento, ou até lá na praia para os lados da Costa do Sol, areias onde era raro ver-se vivalma fora a invasão de fim-de-semana. Li 'calhamaços' enormes por essas bandas, fumei lá 'quilos' de erva e tive erecções fantásticas a olhar as miúdas e os arrojados bikinis, tenho o direito de contá-lo como me apetecer e, já agora, de continuar a ler 'calhamaços' no mesmo local, ainda mais tratando da sua realidade, ora minha - vêem... - proficuamente fantasiosa memória, bem necessitada de upgrades de olhares atentos à realidade social e política dos 'quadros' que pinto.

Bem, vamos então à meada: "por saber disso gosto de ler", assim com o "ler" em itálico. Disso, e refiro-me ao parágrafo antes do "à parte" acerca de Amsterdam e das surumas, do sal do Índico, das mangas verdes e do sal que os escritores lhes juntam. O meu desconforto com a noção de que escrevendo mil e uma folhas sobre Moçambique são sempre folhas de passado, pois do presente de há anos a mais para cá nada sei, nada vi, nada fumei ou cheirei: o odor da realidade está ausente e é dessa carência forte que busco cura quando, a exemplo, pego num 'calhamaço' como o que o Machado divulga de Elíseo Macamo e sento-me na marginal a folhear, sem pressas, sentindo que aspirando o sal e esperando o sol se pôr, certamente, saberei ler melhor e, às vezes, até entender também melhor. É o que tenho andado a fazer, e pelas razões ditas recomendo a leitura: aos que gostam da poda mas nunca lá estiveram ou pensam vir a estar, imaginem que é estudo sobre outra qualquer realidade de telejornal ou tese política sobre a praxis dos partidos únicos e o assalto ao Estado: sempre vale a pena ler, mais ainda àqueles que sabem mais palavras bonitas além de kanimambo ou machibombo.

Thanks Machado: tem sido bom ir à terrinha, até à marginal com o Macamo debaixo do braço.


(o mapa da "terrinha" estava com o (os?) Clinton)

do dia dos namoros...


No Chez Maria vi o que achei como o mais engraçado post do "dia dos namorados", blogger way. Não sei porquê, no blogue da "Maria Árvore" não se consegue extrair o link isolado de cada post. Reproduzo-o pois até nem é grande: é q.b., tem lá 'tudo' em duas linhas para merecer-me a classificação que lhe dei. Assim:
"Amor é partilhar o mesmo servidor e escolher um template igual para o blog de cada um."
(imagem fanada no dito)

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

post absolutamente reaccionário :-)



Notícia muito interessante. Aconselho lê-la, embora não exactamente até ao fim: mais pela dispariedade de valores de "lucro" por cada carro construído, entre conhecidos fabricantes de milhões e um 'pequeno' construtor: a Porsche ronda os 100.000 veículos/ano.

Obriga a várias reflexões, incluindo a sobre o que pensará quem os constrói quando ouve falar em 'luxos da burguesia': em última análise é ela que lhes dá a possibilidade de pagarem a prestação do seu Bêéme, Volvo ou Mercedes e não dum Corsa, Punto ou Golf, mais as excelentes "broas de Natal": anualmente, e face às vacas gordas que já lá pastam há alguns anos, a administração tem votado favoravelmente a distribuição de parte dos lucros pelos empregados, sejam ou não accionistas - que os há...

terça-feira, fevereiro 13, 2007

que fazer? enfim, é triste chegar a velho...


Pronto, já é tão público que mesmo eu tenho de o reconhecer: estou a ficar gagá... o filme não é hoje, é amanhã, amanhã dia 14...
Acresce e complica que amanhã é o dia dos namorados e já me está a dar uma confusão do caraças à cachimónia ir a um filme "assim" - se nada contra, também nadinha a favor - numa data que aconselha é mangussagem, a boa e velha mangussagem... ah! e querem saber outra? também para amanhã à noite tinha combinado ir com um amigo a Santarém para comermos uma "francesinha" pois descobri onde as fazem muito 'nices'...
Passo semanas inteiras sem nenhum projecto ou convite para 'sair à noite' e logo agora e na "noite de namoros" olho para a agenda e vejo apontamentos a mais. Vou é rasgar-lhe a folha de amanhã e ver é se convenço a velhota a meter-se mais cedo debaixo dos lençóis, ai vou vou... ;-)

cinema


Hoje vou ao cinema. Passa no cine-teatro local o "20,13" (também chamado "Purgatório") de Joaquim Leitão, com argumento-base na guerra colonial (e rodado? levo a ideia de que não) no norte de Moçambique, ano de '69.

No site da autarquia lê-se um resumo do argumento. No site da produtora há mais, incluindo videos do 'making of' e de 'cenas de bastidores'.

Aditamento: entretanto, desconfiado por algumas pistas, li mais... é um "Brokeback Mountain" à portuguesa e provavelmente rodado em montes e fardos de palha alentejanos... :-( desilusão antecipada mas vou lá na mesma.