quarta-feira, dezembro 20, 2006

Delmar


Tinha-o dito algures neste lençol e cumpriu-se: o poeta moçambicano Delmar Maia Gonçalves lançou na última sexta-feira o seu novo livro, de regresso à chancela 'Editorial Minerva' após incursão (no 3º) pela cooperativa MIC, "Mestiço de Corpo Inteiro".

Só me chegou hoje à mão, com dedicatória amiga e tudo, pois no grande dia não pude lá estar.
Dele retiro três poemas:

"Mestiçagem"

Somos resultado de uma adição.
Quando subtraímos esquecemo-nos
que antes houvera adição.

Não nos podemos dividir mais,
porque somos resultado
da multiplicação
que resulta em humanidade.

Feitas as contas
a adição só enriquece
não empobrece.

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"Verso da Esperança"

Sou um verso
Disparado por brancos e negros
na estrofe da vida.
Sou uma esperança chegada.
Sou uma promessa adiada.

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"O Enigma" (*)

Sou negro
para os brancos
e branco
para os negros,
mas sou um mestiço!

E mesmo como mestiço
sou um paradoxo
um enigma!

Não sei se sou
um mestiço negro ou mestiço branco
se sou mais negro
ou mais branco.
Sei somente
que sou um mestiço
um mestiço de negro
e branco
um mestiço de corpo
inteiro
uma adição de negro
e branco!

(*) que já se conhecia de livro anterior