domingo, janeiro 21, 2007

o que ando a ler

À cabeceira, porta-aviões para quando calha, estão estes: "A sangue frio", Capote (o ritmo narrativo é poderoso ainda assim, releitura); "O Livro do Meio" (ainda, e ainda bem); "Já não me lembrava", Carlos Quevedo (crónicas da revista K, saudade, embora não apague os meus "Pão com Manteiga", 1 e 2, mais o apêndice só para os textos "O Roque e a Amiga"), e comecei ontem, como aquelas páginas poucas mas indispensáveis que se lêm diariamente enquanto o corpo não aquece para adormecer "Casei com um Massai", duma moça chamada Corinne Hofmann de que nunca tinha ouvido falar, aliás nem do seu matrimónio e, já sei, posterior divórcio (cala-te Carlos, não faças já deduções que podem ser precipitadas...) Este, recém-adquirido, entrou para cá com a esperança de nele encontrar o que, confesso-vos, não estou a ver em nenhum lado das poucas páginas que esta noite li; aliás, até acho que vou começar a 'saltar' algumas pois, se gastei 17,95 €, não foi pel' 'o relato surpreendente de uma história de amor que uniu a Europa e a África' (sic, na própria capa). Estará lá, haverá páginas onde está o que quero ler, o que pensei nele encontrar quando o meti no saco, mas não vou perder tempo a ler enamoramentos banais entre uma moça e um moço, engates, pintalgados de referências nada subtis do 'extraordinário' de um homem massai ser um homem 'diferente'. Está a aborrecer-me, estou a encontrar sinais da 'pinta', e essa conheço-a: o tique parvo-liberal dos que "adoptam um preto" para amigo de estimação e, assim, proclamarem aos quatro ventos e a si próprios, mais a quem possa estar distraído, que não são nada racistas, olha que ideia. Se calhar estou a exagerar com a boa da Corinne, que até casou, se divorciou e, diz na badana, "nasceu em 1960, em Frauenfeld, no cantão Thurgau, filha de mãe francesa e pai alemão. Separou-se entretanto do seu marido queniano, mas continua a apoiá-lo financeiramente como antes". Na badana... Mas que me está a subir a nicotina ao bigode é verdade, até porque desespero por arranjar uma situação dessas, teúdo e manteúdo por uma bela duma matrona mecenas das artes, todos os dias um beijinho e um poema em lençóis de seda ou do que ela quiser; daí, e acresce, fiquei logo todo enciumado do camarada mangusso massai, Lketinga de seu nome para completar a legenda do retrato desta família que, parece, se constituiu e depois acabou, "e a minha vida dava um filme". Já te 'tou a olhar para a capa de esgelha... Portanto e em resumo, Corinne, ou te compões ou vais para a prateleira não tarda.
Meti hoje na mochila, em substituição do já falado "Diário da Guerra aos Porcos", o meu primeiro romance duma escritora moçambicana de que nunca li nada antes, Paulina Chiziane: "Balada de Amor ao Vento". Nunca li nada da Chiziane antes e não é só 'porque não calhou'. Provavelmente por alguma crítica que li ou ouvi, mais provável ainda porque o 'sonhei' num daqueles momentos em que se sonha estúpido e, depois, ao 'acordar', fica-se um bocadinho mais estúpido - acontece -, meti na cabeça que a Chiziane seria a versão tropical da nossa querida e escritora de lençóis de seda, Margarida Rebelo Pinto, essa estupenda cronista da Max Men que, por obra e graça duma pena que flutua nas paixões escondidas da classe média, edita e estimula erecções em versão TIR, intelectualmente cheio até ao cocoruto não de máquinas de lavar ou micro-ondas mas de livros. E, como há tanto que ler, sempre me esquivei a ler Chiziane assim como me tenho safado à boa da Margarida. Não calhou. Agora vai, conto:
Há coisa de uns seis meses atrás, em conversa com uma nova Amiga que me deixou memórias para acarinhar (ambas), ela fala-me 'na Chiziane' e eu confesso-lhe que nada, e a minha ilógica razão dessa nada até então. Mas ela insistiu em como essa minha intuição estava errada, era mesmo sonho estúpido e deveria ler algo da Paulina para mudar a ideia e afastar esse preconceito totalmente errado. Ora como ela vem cá em breve, visita que aguardo já impaciente, tratei de comprar um 'Paulina Chiziane' para poder retomar essa conversa, até porque a Sheila, por dever académico, fez recentemente uma recessão crítica à obra de Chiziane e que me enviou em e-mail, a que nunca respondi por, razão supra, não estar habilitado com o mínimo que é ter lido pelo menos um livro dela.
Quanto ao resto, quando calha, lá vou à estante e leio umas linhas de que me recordo e, calha, sinto o impulso de voltar a elas; para além dos outros, os 'maçudos', aqueles onde está aquela informação que, agora, é preciso aprofundar sob um pretexto qualquer dos pensamentos do quotidiano. Se calhar (parágrafo do 'calhas', encontrei-o porque calhou...) essas são as melhores leituras do dia pois, nas outras, lá calha de vez em quando uma pepita mas, com tristeza, normalmente arrumo é muito carvão dourado em desilusões privadas, que se entende dever contar ao mundo: o fascínio individual pela sua 'vidinha', a mania de que 'a minha vida dava um livro' e, depois, lá tem de correr o 'Zé' para os lençóis de cetim da Margarida Light, cansado ao asco da 'vidinha' onde, ele "Zé-Maria", não vê a "Maria-Zé" sorrir na cama, obvius versus mais as combinações que calharem no imaginário individual
(tomara eu conseguir escrever-lhe o seu "Rilhando o Sucesso"... ;-) ... não fujo à deixa e, calhando, até pode ser que sim, uma espécie de privado Euro Milhões à medida das mui pouco privadas, rilhadas e circunstanciais necessidades...)
Ah! ontem abri uma botelha de aguardente Poças Júnior 'Cinquentenário', engarrafada em '68: maravilha!... até assinei com a mangusso-concorrência (o 'Ruím' vem mesmo aí) um 'tratado de Tordesilhas' em relação às 'pitas' cá da terra, mas que, ignobilmente, esta manhã e por e-mail com o 13º "As respirações de Marat", foi logo quebrado com uma das santas cá do meu altar*. Bahhh, como diz a outra...
Sem foto.
* O texto 'Morena' está assassinado em todas as palavras com acentos ou cedilhadas, desde que avariei o 'template' do blogue Xicuembo 2, e depois o abandonei por isso nascendo o Xicuembo (versão 3.0). Aquele - o 'avariado' - é o verdadeiro sucessor ao primeiro de todos os meus blogues, o 'Xicuembo', denominação assim sem mais nada. Agora, quando fui à procura dele para linká-lo, estive a expurgá-lo desses erros mas, depois, no 'publish post', dá sempre "erro" e não consigo descobri-lo para rectificá-lo. Mas são só meia dúzia de linhas e com não tantas assim 'palavras assassinadas': "lê-se", haja boa vontade e interesse nisso. Desculpas pela maçada.