quarta-feira, outubro 11, 2006

ausências, férias, trabalho, cansaço & o que mais calhar


Sei melhor que ninguém que me tenho 'portado mal'. No dia seguinte ao regresso do hospital visitei o blogue e depois disso vim cá uma ou duas vezes. Não o fiz diariamente até por saber, adivinhar, o mal estar que me daria vir ao meu próprio blogue e ver a inacção, o abandono, o silêncio, agora já sem razão de força, e de justificação nem sombra nem sopro... enfim, eu era o primeiro a sentir-me mal em jardim tão mal capinado e por isso sempre que visitava o blogue a culpa atormentava-me. Por muito que inconscientemente force um distanciamento em relação ao blogue-internet-Grupos MSN não (lhes) sou insensível e há amarras que não se cortam assim tão facilmente. Além do respeito devido a quem me lê, ele também à figura de ficção que auto-criei, 'o Carlos Gil do Xicuembo', e que comandou a minha vida real em tanto e tudo nestes dois/três últimos anos, com balanço que nem sei se um dia se fará: há tanto que por aí adquiri e de que já não abdico como é grande esse mar de dúvidas que ele, personagem e sua vida, impõs aos ritmo, rotinas e relógio do autor da ficção, ele, o que se sente em esforço para evadir-se à personagem e viver as conciliações/obrigações da vida do 'antes de', pânicos pessoais de quem olha o escuro sabendo que real e ficção são mais inconciliáveis do que os sonhos dizem. Mas resta o Euro Milhões, e jogo todas as semanas no comum sonho de numa certeiramente abençoada ganhar o direito a viver exclusivamente a ficção em todas as vindouras que ainda tenha, semanal amén.
Ontem à noite tive um telefonema curioso e que me fez sorrir. Alguém, que me leu episodicamente, que uma única vez me ouviu em alocução que então e invulgarmente me saiu feliz, alguém que vai tomar em braços e dentes a edição e direcção dum novo jornal mensal, regional, (não, não é do Ribatejo; é da zona lisboeta e na altura própria contarei mais) convida-me a assinar uma coluna fixa com liberdade total de tema e, pelo menos ao princípio, sem limitação de espaço, esse "grande" problema das crónicas para papel de jornal - 'está caríssimo!', lamentam-se sempre os chefes de redacção... Este éden anunciado veio ainda com sobremesa: ainda a conversa mal tinha começado e já me perguntava pelos meus Honorários, insistindo e rebatendo a minha surpresa com a grande verdade raramente ouvida de que o trabalho intelectual tem preço... Ora bem: sejam eles - como serão pelo menos nos primeiros tempos, já decidi - meramente simbólicos, será a primeira vez que alguém me pagará pela minha escrita, pela minha arte. Escrevi e editei em 2005 um livro, o Xicuembo, mas embora a edição tenha esgotado em quatro ou cinco meses, por razões de lógica fiscal que as editoras/empresas entendem só em '07 receberei os meus direitos de autor, sejam eles quanto forem mas eu já sabendo que será cheque de parcos algarismos para tanta letra suada. Depois colaborei numa edição conjunta de autor, o nº 2 dos 'Cadernos Moçambicanos Manguana', e as vendas directas que fiz dos exemplares que me couberam cobriram o valor que antecipadamente paguei à gráfica e editora, proporcional às páginas que utilizei: felizmente não houve prejuízo mas o lucro foi zero - e eu feliz. Há quinze dias atrás saiu o nº 3 e tenho em casa quarenta e tal exemplares, ávidos de vendas que restabeleçam a minha conta bancária do cheque que me custou a sua impressão. Escrevo uma crónica quinzenal (mas há vezes em que é mensal, mas isso é outra história...) para o jornal da terra, "O Almeirinense", e dou-me por feliz e contente por papel tão caro dispensar três decímetros quadrados para as minhas letras - 'um máximo de 3.200 caracteres, espaços incluídos, Sr. Carlos Gil! um máximo de 3.200 caracteres, veja lá!'. E agora isto... querem pagar-me pelas minhas reflexões traduzidas em escrita, perdulários e loucos para o primeiro número até me dão uma página inteira se eu a tanto escrever sem desatar a gargalhar! Ontem foi um dia bom, embora com uma brutal dor de cabeça no silêncio do quarto voltei a deixar que o sonho me adormecesse: o 'Gil' cronista, e dos pagos! eheh, permito-me... :-)
Entretanto o mundo não parou. Não, não vou falar de política pois dela e depois da minha "fase alegre" estou em prudente dieta: a saúde é o bem mais precioso que temos - sempre ouvi a minha avózinha dizer. É de ajuizado dizer que o Schummacher tem o campeonato perdido e há que reconhecer que esse é o cenário mais provável após a barraca sem exemplo conhecido de há anos para cá que o motor Ferrari deu no Japão, exactamente ao contrário da concorrência. E aqui está a minha dúvida e a única esperança dele: motor partido dá direito a motor novo no Grande Prémio seguinte, Alonso que estreou um motor novo no Japão vai ter de correr o Brasil com ele, ou sujeitar-se a, com novo*, ser penalizado em dez lugares para a partida independentemente de qualquer tempo-canhão que faça nos treinos: ele não vai arriscar, ainda para mais precisando de um só ponto para ser campeão mesmo que 'Schummy' termine o campeonato e a carreira na F1 com mais uma vitória: partir do meio do pelotão nunca deu saúde a ninguém, quanto mais ao carro... E os motores Renault, inconstantes como são quer em fiabilidade como em potência, não irão voltar à regra, confirmando assim a excepção que foi o 'bum!' Ferrari no Japão? Em resumo e concluindo a secção "vrum-vrum", apostar no Schummacher para o Campeonato é neste momento coisa de loucos, mas reforço os 5€ iniciais com mais um, crente de que na tabela de apostas a proporção do prémio em caso de acerto dar-me-á 'cash' superior aos benquistos e prometidos honorários como cronista. E o que é a vida, afinal, senão apostas que se têm de fazer, arriscar? et voilà...

Aditamento: acabei de ler que a Renault preparou um super motor para o Alonso disputar o GP do Brasil, máquina para só ter de resistir um único GP visto o brasileiro ser o último da temporada; ou eu me enganei e o motor Renault do GP japonês fazia ali a sua segunda (e última) prova, ou Renault/Alonso estão a arriscar demais... é certo que o 8º lugar chega-lhe, o tal ponto d'ouro, mas lá pelo meio do pelotão há tanto imponderável, tanto sarrabulho, tantos aspirantes a protagonismos que permitam renovar ou melhorar contratos... ou é 'bluff'...



(andei pelo Santo Google à procura duma imagem dum jardim mal amanhado, 'comme il faut', quando dei de caras com esta. gostei dela, mesmo não tendo sombra de ligação com a que originalmente pretendia. fica. gamei-a daqui.)