terça-feira, julho 18, 2006

espanholadas e-mailadas


“...tentei ser positivo e não chauvinista mas também preocupado em não cair no exagero: porque a impressão da 1ª hora manteve-se até ao fim: aqueles gajos não sabem tirar uma bica e a comida é... esquisita - agora estou a ser simpático...
Por exemplo o trânsito: há mais civismo mas é comportamento 'latino' embora mais contido que o nosso, na faceta do desrespeitador. O estacionamento nas cidades é muito mais disciplinado que o nosso mas os lugares lá também escasseiam e, em Ponta Umbría, que é zona de praia e enchentes, viam-se carros mal estacionados mas sem os nossos exageros tradicionais. Agradou-me muito o comportamento nas AE. Sabes que a Telma anda bem e é segura, sendo que ter picos de 150/160 se a AE estiver 'livre' não é um exagero do outro mundo. Pois lá, nessas situações de quilómetros a perder de vista 'livres' eu subia até aos 140, máximo, e era sempre dos mais rápidos a circular e raramente era ultrapassado: circula-se mesmo nos 120's e dos +- 500 kms de AE que fiz adoptei esse ritmo e fiz sempre viagens rápidas pois não apanhei nada parecido com engarrafamentos, e mesmo nas entradas e saídas de Sevilha há 'muito trânsito' mas... rola, e não a passo de caracol. Mas do que gostei mesmo foi da postura na AE, respeitadora. Não vi 'donos', malta que ocupa a faixa do meio ou a da esquerda como se o talão da portagem fosse registo de propriedade (ah! não vi uma única portagem! será do tal esquema, como na Suiça e na Alemanha, em que no selo do carro se paga uma taxa para utilizar as AE's?), mal ultrapassam regressam de imediato à faixa da direita, mesmo que a perder de vista não haja um único carro e atrás não venha ninguém com pressa, coisa em que rejubilei pois apanho autênticos ataques de cólera nos meus habituais trajectos, Lisboa e aí.
A comida que me calhou era quase sempre uma merda mas desconfio e acredito que paguei a factura de estar com ração completa à cozinha do hotel e acompanhado por orçamentos curtos, meu e de quem me acompanhava, e poucas 'avarias' fiz fora do penico, digo, da panela do rancho. Mas na cantina do Hotel havia sempre pratos com nomes locais que, quase sempre, eram intragáveis, uma merda completa: aqueles gajos assim não têem saúde nenhuma e devem andar sempre doentes, a comer aquelas coisas.
O que casa com os muitos Hospitais que vi na periferia de Huelva, à saída para AE que vai a Sevilha: três enormes, mas todos fora do aglomerado das casas. Já agora, também reparei que há pargas de farmácias e até uma espécie de lojas de conveniência farmacêuticas onde vendem tudo o que não precisa de receita: aquela malta é mesmo doente (embora não o pareça mas sabe-se lá que enfermidades eles escondem naquele linguarejar alto e ininteligível, por dito a correr... e isto não admira com a porcaria que comem, ainda por cima sem tomarem um café capaz, para "desmoer"! por aqui muitos furos abaixo de nós e à volta para cá paramos logo em Castro Marim, a beber uma bica de jeito. Almoçamos em Lagos, num cafezito de esquina qualquer, um arroz de pato que estava temperado por deuses, pão do autêntico, cerveja a borbulhar, mais o tal café Delta no fim... Em Espanha também há Delta - e muito se via o triângulo..., e as máquinas de café são iguais às de cá: é o jeito, não percebem nada daquilo, não consegui beber um único café que deixasse espuma agarrada à chávena. E a cerveja, tanto em Huelva como em Sevilha a Cruzcampo é esmagadora, também não presta ao lado duma Super Bock. Quanto a pastelaria não vi nem lambi uma de jus ao nome, e a doçaria deles é indigna de um guloso moderado. Já nos helados são uns campeões (mas a Olá de lá, que tem outro nome que agora não me lembra, não tem o Super Maxi em promoção como nós cá nos lambuzamos, este Verão...)
Os espanhóis vivem nas varandas quando não estão na rua. Enormes, omnipresentes cheias de toldos que dão um colorido bastante uniforme ao prédio pois não há o pintalgar nacional de cada um dos condóminos imaginar-se um Rembrandt de papo para o ar. Há variações de cor mas não uma bebedeira. Será por causa do calor, certamente, esse viver semi-público que nós não temos: insuficiência com mais área que a da varanda. Cá também há calor, e muito, e também há varandas, embora menos e quase sempre mais pequenas, mas não vivemos assim: escondemo-nos com o botão do televisor, besta felizmente lá não muito popular nos locais públicos – leia-se cafés e pastelarias, tascas e etc. Os espanhóis vivem a varanda como uma das divisões mais populares da casa. Não se lhes vê a mesa com o prato de sardinhas (bem, há os toldos, não é? porém acredito que comem lá dentro, há muito de íntimo no alimentarmo-nos) mas vêem-se as mesas com copos, entram e saiem, conversam, bebem, vivem na varanda até irem dormir.
Acredito que haja lá empregos do caraças, se não fizer erro de cálculo: sabes que os Correios fecham ao meio-dia e meia, e kaputt? entram às 8,30 e fazem a manhã, já não voltam a abrir nem que seja lá pelas 5 ou pelas 7 que é quando os espanhóis fazem mais umas horinhas até irem para a borga, ou para as varandas. Mas estava e ainda estou meio desconfiado que a verdadeira situação profissional deles não será bem esta, só assim, e embora bem andasse atento não consegui apanhar um carteiro para confirmar a que horas ele anda na rua e, principalmente, se na parte da manhã não esteve atrás do balcão a vender selos. Mas não me fio em não ter visto nenhum pois, lá, em Espanha, é tudo fino e moderno e o carteiro já não deve andar de bicicleta ou motoreta (no meu bairro ainda é de bicicleta ou a penantes que ele anda a tocar campainhas).
Sabes como anda a chamar clientes o amolador de facas e tesouras, lá em Espanha? e não vi um, vi dois! Anda de carro! um num Golf com uns dez anos, outro numa carrinha mais modernaça tipo Berlingo ou Kangoo: toca a mesma música de cá mas é de fita gravada e altifalante, megafone no tecto do carro... lá vem ele a dez à hora, a porta de trás aberta (caso do Golf) deixando ver a máquina de esmeril (certamente já não a pedais...) mais as caixas da ferramenta, o gajo ao volante com uma cara de tédio enorme e aquilo em cima dele a assobiar... por certo se viesse a pedalar e a tocar a harmónica vinha bem mais entretido e, mais uns pontos a favor do nosso amolador, mais ecológico e preservador dos recursos naturais finitos. A gasolina lá é uma alegria, não admira que o amolador ande a queimá-la... 1 litro da ‘95’ a... 1€ e 11!!! enchi o tanque quando lá cheguei e voltei a fazê-lo à saída pois lá dentro fartei-me de andar de carro: já há muito tempo que não pagava contas de bombas de combustível com tanto prazer, para além do desconforto de largar sempre uma 'nota preta' quando se mete gasosa: mas não me sentia roubado, manipulado, escandalosamente viciado e depois explorado.
Quanto a tabaco... é o Éden possível nestes tempos maus para os fumadores. Os preços são mais baixos, mas cuidado que o Marlboro lá custa 2,90... na média um maço anda nos 2,35. Fumei quase sempre Pall Mall de caixa vermelha, uma variedade qualquer, que avulso saía a 2 euros mas comprado ao pacote vinha a 1,85: trouxemos dois volumes e fomos burros: já vão a meio, qualquer um... A Guerra Anti-Tabaco: aceito e convivo facilmente com um regime de fumos como lá há: à entrada de qualquer casa comercial ou espaço público está bem visível se lá é proibido ou permito fumar: claro que a maioria dos cafés permite-o mas não distante há sempre um que não, e assim todos vivem contentes. No hotel o único sítio onde era permitido (lá dentro) era no bar. Era chato não poder fazê-lo na sala de jogo (ainda por lá se jogou um dominó e umas cartadas, também uma sessãosita de snooker, brilhei) e no vão de escada onde estavam os caça-níqueis da Internet. Mas aguenta-se, o Bar é ali ao lado, ou vai-se olhar a folia na piscina ou sobe-se ao quarto que vem equipado de origem com cinzeiro, não como extra.
A “Isla Magica” foi uma seca para nós, os cocuanas, mas as miúdas divertiram-se. Até nós, que ainda andamos de barco em aventuras extraordinárias que quero ver se ainda um dia conto: passei por momentos de arrepiar! até nos 'rápidos' andei, num barquito de borracha que andava à roda à roda e com cascatas a mijar-nos em cima! tenho uma foto que conta bem isso em pormenor, aquilo para nós 'cotas' era como estar num filme do Indiana Jones!!! comprei lá um chapéu de palha com uma fitinha a dizer “Isla Magica” pois estava um sol do caraças e, já contei, a cerveja é uma merda: bebi lá foi uns granizados que são fixes para a sede e descobri um bar que os fazia com rum, mas não contei a ninguém: por isso é que precisava do chapéu pois andava a cirandar de lado para lado, as velhas abancaram numa esplanada com sombra e quase nunca mais de lá saíram...
Bem, estou cansado de falar tanto de Espanha. Há mais, há muito mais, mas agora não. Um dia destes escrevo-te outro lençol-mail”

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Até nos amoladores de tesoras há diferença amigo Carlos.
Os de cá... ainda bicicleta, os de lá já de carrrinho...
lol

9:24 da tarde  
Blogger Ana said...

Até eu já tenho um chapéu de palha da Isla Magica, igual ou parecido ao do Carlos.
E também andei naquelas coisas aquáticas onde nos chove em cima e escorregamos e mergulhamos...
Já estive lá duas vezes - sou uma exagerada, mas é verdade - uma vez com/em atenção aos meus filhos, outra vez com/em atenção à sobrinha, que é mais jovenzinha do que os meus, uns anitos.
Mas diga lá o qe lhe apetecer, há uma coisa que os Andaluces têm de que eu gosto muito: aquele descontraído estar, uma alegria e jovialidade que me encanta, aquele gostinho de sair e petiscar...

10:05 da tarde  
Blogger A Xarim said...

Com que então julgavas que ias à ISLA MAGICA e vinhas enxuto?
O que os "cotas" fazem pelos "putos"...
Eu bem te avisei para levares gabardina!!!!!

10:20 da tarde  

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