livros que me faltam
Continuo em volta das estantes. Está quase, naquele quase-quase antes do final possível, a sempre eterna luta contra a falta de espaço para 'juntá-los' de forma ideal. (mas assim é "bonito", isto não é uma livraria)
Há vezes em que pego num livro qualquer e vem-me outro à memória, que "deveria juntá-los". E depois não o encontro. E faz-me falta. Porquê, se já foi lido? pelo que representa, a mim, eu que gosto que os livros me falem, se associem a mim, pedaços do passado de mim. Li o "Papillon" do Henry Charrière (foto da capa gamada aqui) teria os meus dezoito, dezanove. Mais tarde, mas pouco mais, li o "Banco", este que tenho agora na mão. Um dos meus primeiros entenderes de que as sequelas não costumam dar bons frutos, recordo-me, e recordo-me de que o esqueço tantas vezes. Já não tenho o "Papillon". Como todos os meus livros de então, o 'meu', o meu original, dei-o ao Luís quando eu vim para Portugal, fará a 20 ou 21 deste mês trinta e um anos, e este "Banco" que agora meto numa nesga que inventei já foi comprado cá e nunca o reli
(pelo aspecto entrou cá usado, foi num alfarrabista ou numa feira de livros de jardim - sou fã; abro-o e vejo local e data: "Cascais". terá sido naquela caverna de Ali Babá que é a cave da "Galileu", o único local que realmente cobiço para habitar se um dia conseguir tornar-me eremita a 100%, meu nirvana)
Compro-os pelo dito, os símbolos; "carimbos" duma época, capas que me trazem outras emoções, e também por (me) contarem o meu percurso com os livros, as leituras.
A próxima vez que vir um "Papillon" a rir-se para mim, de preferência com capa com vincos nos cantos e ar amarelado, seja o preço simpático e não me escapará: faz-me falta. Lembro-me de o ter lido, ou parte dele, na praia da Costa do Sol, numa daquelas tardes sem nada para fazer que o meu horário profissional permitia: eu entrava às sete da manhã e fazia o que se chamava de "horário único", daí sem interrupções até à uma da tarde. Depois tinha 'um dia' inteiro para mim, não só a noite... matinés, bula-bula com amigos, passear de mota, enfiar-me num quarto com luzes coloridas e posters pop art nas paredes, música psicadélica, ou ir até à praia na motorizada, sentado em cima da toalha e com um livro dentro da camisa. Adormecer na areia quente, o livro caído sobre o meu peito, em perfeita osmose muletas do sonhar. Cada um é uma trip.
Quero o meu "Papillon". Percebem porquê?
2 Comments:
O livro que tenho aqui defronte - o Papillon, não o Banco, tem as letras grandes, a verde, foi editado pela Bertrand, colecção Autores Universais, Série Monumental, 537 páginas. Posso dispensar pois tenho dois destes além de um terceiro de uma edição de bolso. Para onde o posso enviar em termos de endereço físico?
babilonius07@hotmail.com
- mais alguém na nostalgia dos livros d'outrora -
vai ao mail, vai ao mail!!!
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