Esta noite só adormeci seriam umas quatro horas. Já há três dias que ando dominado pela leitura do primeiro volume do "Quase Memórias", de Almeida Santos. Tanto que até parei a leitura dos mais dois (romances) que simultâneamente se acumularam na mesa-de-cabeceira. Uma das visões mais lúcidas que me foi dado ler sobre a "problemática colonial", lado a lado com um correr de olhos bem atentos pelo período fascista português, acutilante, informado e esclarecido, e com a elegância e a verve da sua escrita de causídico de velha escola.
Lendo-o compreendo(-me) como espúrio que fui, lá no tal paraíso em terra, ao mesmo tempo que em beneplácito me aceito melhor como peão colonial de corpo presente. Almeida Santos não deusifica uns e inferniza outros, "conta" apenas da realidade à margem dos sonhos que havia em ambos os lados.
Está a ser um dos meus livros de 2006, sem a menor dúvida.
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