segunda-feira, dezembro 04, 2006



Esta noite só adormeci seriam umas quatro horas. Já há três dias que ando dominado pela leitura do primeiro volume do "Quase Memórias", de Almeida Santos. Tanto que até parei a leitura dos mais dois (romances) que simultâneamente se acumularam na mesa-de-cabeceira. Uma das visões mais lúcidas que me foi dado ler sobre a "problemática colonial", lado a lado com um correr de olhos bem atentos pelo período fascista português, acutilante, informado e esclarecido, e com a elegância e a verve da sua escrita de causídico de velha escola.

Lendo-o compreendo(-me) como espúrio que fui, lá no tal paraíso em terra, ao mesmo tempo que em beneplácito me aceito melhor como peão colonial de corpo presente. Almeida Santos não deusifica uns e inferniza outros, "conta" apenas da realidade à margem dos sonhos que havia em ambos os lados.

Está a ser um dos meus livros de 2006, sem a menor dúvida.